terça-feira, 20 de outubro de 2009

Trabalho



Então, um lavrador disse: “Fala-nos do trabalho.”
E ele respondeu, dizendo: “Vós trabalhais para acompanhar o ritmo da terra, e da alma da terra. Pois ser indolente é tornar-se estranho às estações e afastar-se do cortejo da vida, que avança com majestade e orgulhosa submissão rumo ao infinito. Quando trabalhais, sois uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em melodia. Quem de vós aceitaria ser um caniço mudo e surdo quando tudo o mais canta em uníssono? Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição, e o labor, uma desgraça. Mas eu vos digo que, quando trabalhais, realizais parte do sonho mais longínquo da terra, desempenhando assim uma misão que vos foi designada quando esse sonho nasceu.
E, apegando-vos ao trabalho, estareis na verdade amando a vida. E quem ama a vida através do trabalho, partilha do segredo mais íntimo da vida. Mas se, em vossas dores, chamardes o nascimento uma aflição e a necessidade de suportar a carne, uma maldição inscrita na vossa fronte, então eu vos direi que só o suor de vossa fronte lavará esse estigma. Disseram-vos que a vida é escuridão; e no vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.
E eu vos digo que a vida é realmente escuridão, exceto quando há um impulso.
E todo impulso é cego, exceto quando há saber.
E todo saber é vão, exceto quando há trabalho.
E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.
E quando trabalhais com amor, vós vos unis a vós próprios, e uns aos outros, e a Deus. E que é trabalhar com amor? É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido. É construir uma casa com afeição, como se vosso bem-amado fosse habitar essa casa. É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse comer-lhe os frutos. É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma, e saber que todos os abençoados mortos vos rodeiam e vos observam. Muitas vezes ouvi-vos dizer como se estivésseis falando no sono: ‘Aquele que trabalha no mármore e encontra na pedra a forma de sua alma é mais nobre do que aquele que lavra a terra. E aquele que agarra o arco-íris e o estende na tela sob formas humanas é superior àquele que confecciona sandálias para nossos pés.’ Porém, eu vos digo, não no sono, mas no pleno despertar do meio-dia, que o vento não fala com mais doçura aos carvalhos gigantes do que à menor das hastes da relva; e grande é somente aquele que transforma o ulular do vento numa canção tornada mais suave pela sua própria ternura. O trabalho é o amor feito visível. E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas daqueles que trabalham com alegria. Pois se cozerdes o pão com indiferença, cozereis um pão amargo, que satisfaz somente a metade da fome do homem. E se espremerdes a uva de má vontade, vossa má vontade destilará no vinho seu veneno. E ainda que canteis como os anjos, se não tiverdes amor ao canto, tapais o ouvido do homem às vozes do dia e às vozes da noite.”

Autor : Khalil Gibran

Exibição desnecessária



A vida dos grandes praticantes demonstra, repetidas vezes, que para manter a prática do Darma uma pessoa não precisa renunciar ao mundo. Tampouco é preciso renunciar ao Darma para se manter envolvido com as atividades do mundo. É possível integrar ambas as coisas em uma única vida. Gradativamente, novas prioridades e um equilíbrio necessário aparecem.

Em minha vida, testemunhei quatro pessoas alcançarem o corpo de arco-íris na hora da morte; elas não moravam em monastérios, mas viviam com suas famílias. Quando tinha vinte e dois anos, presenciei um homem alcançar o corpo de arco-íris, e a maioria das pessoas sequer sabia que ele fazia prática espiritual. Não há necessidade alguma de qualquer exibição externa para se obter êxito no caminho espiritual. Não é o corpo que alteramos para nos tornarmos iluminados -- é a mente.

Você pode adotar o estilo de vida de um eremita, abandonar sua preocupação com comida, roupa, riqueza, amigos, família, lar e mudar-se para uma montanha, dedicando-se inteiramente à meditação. Esse é um modo perfeitamente válido. No Vajraiana, porém, há um outro modo. Sua vida externa continua com a forma habitual. Você não deixa sua casa, não renuncia a nada, mas nunca se aparta da virtude, nunca se separa do Darma, da intenção de trazer benefícios ou da sabedoria.
Autor: Chagdud Tulku Rinpoche

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Luz


Você é a essência… não há o que buscar fora… tudo está dentro! Caminhe em busca da luz interna… se já está cansado de perseguir a felicidade, renuncie a todo tipo de apego, ande na direção do sol…Então, lentamente, olhe para trás, por cima do ombro. A sombra que você perseguia, agora o persegue… O mundo o buscará se você não buscar o mundo – esse é o segredo!
O mundo náo é terrível nem imperfeito… é perfeito! Você está em processo de fabricação, melhor do que em qualquer grande complexo industrial moderno. Você necessita do sofrimento para conhecer a verdade. Assim como é preciso esquentar o ouro ao máximo e esfriá-lo para que reluza sua pureza, todas as pessoas são purificadas pelo calor do sofrimento. Assim é a vida… Aprenda a lição que provém da dor. É uma advertência acerca de algum erro cometido… chegando o sofrimento, aceite-o com alegria, agradeça a Deus e à pessoa que o provocou. Dê as boas vindas a essa pessoa, mas não a imite, fazendo sofrer aos demais. Quando você entra em contato com a sua natureza divina, nada no mundo pode lhe fazer mal…
Você tem livre arbítrio para fazer o que deseja. Ao fazer algo apenas para o seu benefício, a consequência recairá sobre você. Esta consequência chama-se karma. Se tudo é feito corretamente não há como enfrentar o karma, pois uma ação livre de egoísmo não o produz. Desligue-se. Todo desejo pessoal é um nó que o aprisiona. Você não tem que renunciar a nada neste mundo, somente a seu apego a ele. Pode possuir coisas, mas não permita que essas coisas se apossem de você. E não acumule mais do que necessita.
Você nunca nasceu e nunca vai morrer. Você não tem idade, somente o corpo tem idade. A alma sabe por si própria que é ilimitada e imortal… A morte significa mudança de forma, só isso. É inevitável e está acontecendo a cada minuto. Você não é a mesma pessoa que você era a um minuto atrás. Uma parte de você já está morta e uma parte está nascendo… Quando a árvore morre, você obtém tábuas; quando as tábuas morrem, você consegue uma cadeira; quando a cadeira morre, você tem lenha; quando a lenha morre, você tem cinzas… Não há morte alguma!
O seu corpo é o seu país… cuide de tudo que você ingere, física e mentalmente. Vá ao zoológico e observe os animais. Os carnívoros estão sempre inquietos, rondando à procura da presa, mesmo dentro de suas jaulas. Depois observe os animais vegetarianos… são tão suaves, tão gentis… eles olham para você e sorriem Muito do que chamamos de civilização é artificial e insalubre. Nós temos que retornar à vida natural. Isso é Yoga.

Autor: Swami Satchidananda

Felicidade


Todos nós buscamos a felicidade... E nessa busca percorremos caminhos que nem sempre nos levam a ela...
Muitas vezes nos afastamos cada vez mais do ponto onde a felicidade se encontra... Uma total incoerência com a nossa natureza!
Desde criança somos levados a acreditar que a felicidade será encontrada em coisas fora de nós...que nos são dadas ao longo dos tempos... Muitas possíveis fórmulas prontas... E muitos caminhos que apontam para a tão sonhada busca da felicidade e acabamos acreditando que fora a menor chance de ser feliz... E vamos por aí... Conquistando coisas... Cargos... Statos... Stress... Menos a felicidade!
Dá um sentimento de vazio quando constatamos que não era bem aquilo que esperávamos... Uma sensação de ter vencido a corrida e não ter levado o prêmio... Mas a voz do ego nos chamam de muitas formas... Cada vez mais atrativas e mais convincentes e de novo embarcamos nessa busca... Que não tem conexão com a nossa vontade mais profunda... E podemos ficar perdidos no meio de tantas, chamadas de ego... Tentando chegar aos muitos finais onde existem as promessas que nunca se cumprem e que cada vez mais nos afastam da felicidade. Ou podemos escolher escutar uma outra voz, uma voz que nos fala suavemente nos convidando a descobrir nosso próprio caminho... Sem receitas prontas e onde cada um vai escrevendo a sua própria história... É a voz da alma... Para seguir esse chamado da alma é preciso coragem... Desapego... Além de muita fé em Deus.
Coragem porque em alguns pontos precisamos abrir a nossa própria estrada... Passar por onde ninguém passou buscando nos momentos mais profundos as pistas que indicam a direção do próximo passo. Desapego dos conceitos... Das regras e principalmente do ego... É preciso desaprender muito das coisas que aprendemos... E deixar espaço para as coisas novas e que fazem sentido para nossa história...
E fé em Deus... Para confiar nos caminhos que a alma nos indica... Sabemos que aqui não existem os limites da nossa mente racional e que as impossíveis podem se tornar possíveis quando menos esperamos.
Quando nos abrimos para seguir a voz da alma... Aos poucos vamos descobrindo que a felicidade não se encontra nos prometidos finais... Mas em cada passo em que estamos conectados com nosso próprio destino.
Vamos percebendo que a um tributo a felicidade de cada um de nós que aparece na medida em que vamos nos conhecendo melhor e nos aproximando de quem realmente somos.
A felicidade se aproxima de nós mesmos.
E chega um tempo onde não conseguimos fugir do chamado que vem da alma, porque uma vez vai se fazendo tão presente e tão natural que entendemos que é a única vez que nos indica o caminho de volta para casa.
Escute a voz de sua alma e siga esses caminhos, assim você vai perceber que muito além do caminho conhecido... Só existem muitas possibilidades...
... Até a de ser feliz...

Autor: Desconhecido