quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Memórias do comando



Você se lembra de quando se sentia no comando de sua própria vida? Lembrança gostosa, margem de manobra generosa para decidir e principalmente para ir levando a vida de acordo com seus desejos.

Você se lembra quando foi que esse comando se perdeu e sua alma ficou aprisionada sob uma tonelada de complicações? Talvez não seja tão fácil rastrear esta memória, porque isso foi acontecendo aos poucos.

Essa memória pode ser dura, mas não deve amargar você, é a memória que deve servir de substrato para continuar sua luta, não mais para estar no comando e realizar desejos inúteis, mas para que se renove o contrato que sua existência exerce com a Vida Maior na qual navega, se movimenta e experimenta ser.

Tudo pode ser bem maior do que é, mas se as coisas se tornaram pequenas, mesquinhas até, não se amargue; que tudo aconteça, menos seu coração se amargar, porque essa seria a única condição que determinaria sua derrota. De resto, tudo pode e deve ser superado.

Agora é um momento de memórias duras, mas também de renovação do contrato que trouxe você a esta existência.
Respire fundo, recupere sua dignidade, assuma sua posição e se converta na circunstância mais importante de sua existência.

Quiroga

Confissão





"Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?" (1 Co 3:1-3)

E quando sinceramente pedem perdão a Deus, com todo coração, querendo nunca mais cair naquele pecado, será que Deus perdoa?

"Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça " (1 João 1:9)

Se for um arrependimento sincero, Deus perdoa sim. Se praticar o mesmo pecado mil vezes, e mil vezes se arrepender de todo coração, Deus continua a perdoar? Sim, Deus perdoa. Mas Deus não quer somente perdoar, Deus quer curar a pessoa do problema. Aí é que vem um grande princípio bíblico:

"Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tiago 5:16)

Em outras palavras, confessando o pecado a Deus somos perdoados. Confessando-o a outros irmãos recebemos a oração e seremos curados. No início, para eu me abrir com meu discipulador sobre meus pecados, foi muito difícil. Eu me sentia envergonhado, pois a imagem que eu queria que todos tivessem de mim, era a de um jovem que fazia tudo certo. Foi um grande quebrantamento para o meu ego, mas eu estava desesperadamente querendo a vitória

"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13)

Talvez alguns cristãos têm interpretado esse versículo assim: "Aquele que encobre as transgressões diante de Deus jamais prosperará" Mas isso seria impossível. Veja o que diz a Palavra: "E não há criatura que não seja manifesta na sua presença pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem todos temos de prestar contas" (Hebreus 4:13)

Esse versículo mostra que é impossível qualquer pecado ser encoberto diante de Deus Então, o que a Bíblia está dizendo quando afirma que "o que encobre as suas transgressões, jamais prosperará?". Creio que a Palavra está mostrando que nunca devemos encobrir pecados diante daquelas pessoas que deviam saber deles, por exemplo, um jovem esconder coisas de seus pais, um esposo (ou esposa) do seu cônjuge, um discípulo do seu discipulador, etc.

Vamos ler, mais uma vez, Provérbios 28:13, "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia".

Podemos ver claramente que é impossível prosperarmos espiritualmente, ministerialmente ou em qualquer outra área com o grau de prosperidade que Deus gostaria de conceder, se não tivermos transparência com a nossa cobertura espiritual Isso é muito sério. A transparência com os pais (se for solteiro), com o cônjuge e com a liderança é um dos aspectos mais importantes na vida de autêntica santidade.

A palavra "sincero" vem do latim que quer dizer "sem cera" Os atores de teatro na Grécia Antiga usavam máscaras feitas de cera Muitas vezes, atrás de uma máscara sorridente, existia um ator muito triste. Quantas pessoas, hoje, freqüentam os cultos da igreja, sorrindo e cumprimentando a todos, mas na verdade e infelizmente aqueles rostos "alegres" são apenas "fachada". Deus quer que tiremos nossas máscaras diante de nosso discipulador, "vomitemos" todo o pecado, recebamos oração e a cura dos problemas. A vida cristã é para ser vivida com vitória e saúde espiritual. Somente o cristão que é verdadeiramente sadio vai se reproduzir espiritualmente no fruto do Espírito e na multiplicação de discípulos. Ovelha sadia sempre dá cria Mas para que haja saúde, tem que haver transparência.

Alguém poderia dizer: "Ah! Mas Deus está me usando muito e, não ando em transparência com a minha liderança". Com certeza, Deus poderia usar essa pessoa infinitamente mais, se ela andasse em transparência. Às vezes, só uma coisa está empatando o cristão de grande frutificação no Reino de Deus: orgulho.

Jogue o orgulho de lado Se humilhe! Corra atrás do seu líder espiritual (sempre homem se abrindo com líder homem e mulher se abrindo com líder mulher) 

Às vezes, o cristão está andando em vitória em muitas áreas da sua vida, mas tem uma que ele "não consegue" apropriar-se da vitória De que ele precisa? Ele precisa mais da vida de Deus.

Marta e Maria estavam nessa situação (João 11) Seu irmão Lázaro havia morrido e, elas estavam muito tristes Quando Jesus chegou diante do túmulo, disse: "Tirai a pedra" Inicialmente, ao estudar isso, achei estranho que Jesus tenha dado essa ordem, mas Deus me deu uma revelação: existem cristãos que têm um "Lázaro", uma área da sua vida que precisa da Vida de Deus O milagre da ressurreição só poderá ocorrer se, primeiramente, esses cristãos "tirarem a pedra" que está encobrindo o "Lázaro morto" Se não houver um ato voluntário de admitir abertamente que existe um "Lázaro morto", que precisa da vida de Deus, Jesus não fará o milagre da ressurreição Deus nunca vai forçar ninguém a tirar sua "máscara", a pedra que está encobrindo o "Lázaro morto", o pecado. É como se Jesus estivesse dizendo: "Você quer o milagre da ressurreição trazendo a vida divina sobre seu "Lázaro"?" Você poderá ter, mas primeiro tem que tirar a pedra tem que confessar seus pecados abertamente para a sua liderança espiritual E qual é a nossa tendência natural? Fazermos igual ao que Marta fez: "Não, Senhor, não podemos tirar a pedra, porque está cheirando mal " É verdade! O "Lázaro morto" cheira mal É uma vergonha para nós Por isso que, muitas vezes, nós o cobrimos com uma pedra, para que ninguém sinta o mau odor. Mas o que Jesus está dizendo? "Se você tirar a pedra, é verdade que alguns vão sentir o mau cheiro, mas não se preocupe, porque ninguém vai se lembrar dele, quando o "seu Lázaro" ressuscitar e todos ficarem sabendo do milagre! Você realmente quer a vitória nessa área da sua vida? 

Então tire a pedra. 



Pr. Abe Huber

Compromisso




Um homem de 40 anos, sofrendo a clássica “crise da meia idade”, sentou-se pra falar com um evangelista sobre os seus problemas. Ele explicou como o seu casamento de 20 anos não o satisfazia nem o completava mais. Enfim, ele chegou a “questão principal”. “Eu simplesmente não a amo mais”, ele disse. “O que posso fazer?”
Após um breve momento de reflexão, o evangelista disse decididamente, “Como eu vejo a situação, você tem apenas uma opção.” O homem ficou atento esperando. O evangelista iria sugerir um divórcio? Ele estaria livre para correr atrás do estilo de vida excitante da geração mais nova que ele havia começado a admirar? Qual era o conselho do evangelista? “Parece pra mim que a única coisa que lhe resta fazer é arrepender-se e começar a amá-la novamente.”
Com muita frequencia ouvimos de casais casados que reclamam que “perderam o amor”. Isso é triste-- porém acontece. A verdadeira questão é: O que se pode fazer quando perceber que tal situação existe? A Bíblia ainda diz a mesma coisa que sempre disse. Os maridos devem amar suas mulheres (Efésios 5:25) e as esposas devem amar os seus maridos (Tito 2:4).
Por favor notem que não são apenas sugestões – são mandamentos. Falhar em amar seu companheiro é cometer pecado! E o pecado sempre exige arrependimento para que tenha perdão. Tomem cuidado. Não confundam o amor mandado com a paixão melosa e boba de um adolescente imaturo. É muito mais que isso. É um amor sacrificador que busca o interesse do amado mais do que o de si mesmo. É o tipo de amor que Jesus nos mostrou (Efésios 5:2).

–por Greg Gwin

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Domínio e amor



É infalível, se você pretende dominar o mundo terá de sacrificar seu amor pela humanidade. 
Talvez você pense que ninguém é louco o suficiente para tentar dominar o mundo, que esse tipo de personagem só aparece nos filmes do Agente 007. 
Contudo, mundo não é o mesmo que planeta, o mundo é a dimensão mental em que nos movimentamos e que resulta de nossa imaginação, a qual não é tão individual assim, há um nível de consenso que inventa o mundo que é comum a todos. 
Na tentativa de dominar o mundo, qualquer que seja seu tamanho, todo ser humano deve deixar de amar seus semelhantes. 
Se você, por exemplo, tenta dominar a pessoa com que se relaciona é porque deixou de amá-la. 
Se você quer dominar uma conversa é porque deixou de amar seus interlocutores. 
Amar é respeitar, amar é encontrar lugar para todos.

Quiroga

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O retorno dos ideais





O retorno dos ideais que pareciam esquecidos para sempre!

Você não seria você se não tivesse ideais. Evidentemente, a vida “normal” abomina os ideais, porque esses a perturbam, a subvertem e a tumultuam. A normalidade não quer que você imagine mundos melhores, nem que você traga para a realidade dimensões ainda inexistentes. A normalidade quer você obediente e de cabeça baixa, cumprindo tarefas cotidianas, com muita rotina tomando seu tempo.

Porém, não é para isso que nenhum de nós se preparou quando começou a ter idéia da vida na adolescência, naquela época alguma imagem nos fez arder o coração de vontade de realizá-la, nos identificamos tanto com ela que nos brindou com o combustível que nos trouxe até aqui e agora. Só que pelo caminho foi se apagando essa imagem até restar pouco ou quase nada dela.

Pareceu ter morrido, mas eis que vem aí, agora mesmo, o retorno dos ideais esquecidos! E vem com o mesmo ardor original, como se nunca tivessem ido embora, como se tivessem ficado apenas velados, e foi isso mesmo que aconteceu.

O retorno dos ideais esquecidos pode, a princípio, ser um pouco perturbador, já que não encontram lugar na realidade normal.
Sugiro firmemente que aceite você essa perturbação, porque ela é necessária ao projeto de você ser quem você realmente é.

Quiroga

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Alívio



Quando a tensão parecia que ia estourar, lá vem o alívio e nada do que foi profetizado se realiza. 

Assim são as coisas, nossa humanidade profetiza o tempo inteiro, mas nem sempre acerta, e não há nisso nada de criticável nem tampouco significa que ela viaje na maionese o tempo inteiro.

Acontece que a trama que leva as coisas à conclusão é infinitamente mais complexa do que a gente imagina, e isso a despeito de nossa imaginação ser para lá de fértil.

Porém, o Universo é ainda mais complexo que nossa imaginação, pois fica produzindo fatores que podem mudar tudo no último instante.

Este é um daqueles momentos que subverte a lógica, interrompendo a sequência do que parecia inevitável e colocando tudo em outro patamar completamente diferente, mediante o qual nossa humanidade, na melhor das hipóteses, pode se maravilhar e, por maravilhada, colocar em ação sua própria criatividade, provocando maravilhas também.

Quiroga

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O que somos



Se você existe é porque sua existência é resultado de uma criação, e se você foi criado, então terá de evoluir, pois tudo que tem início terá de atingir seu objetivo e depois a conclusão. 
Além disso, pela própria natureza da consciência, que suspeita haver algo maior, uma vez no processo de evolução você desenvolverá a vontade de se libertar do fluxo aparentemente insuperável para, um dia incerto, mas infalível, sua alma ir além e cessar de evoluir, tornando-se identificada com o divino sem, contudo, ser isso motivo de vaidade, mas propiciador de prestar serviço aos semelhantes, ainda presos ao incessante fluxo evolutivo. 
Nós somos e nos movimentamos num oceano infinito de glória e vida, sentimos e pressentimos essa realidade, mas ainda nos encerramos em atitudes limitadas e limitantes.

Quiroga

Ame a si mesmo e observe


Perguntaram a Osho:

Você pode falar alguma coisa sobre essas belas palavras de Buda:

“Ame a si mesmo e observe – hoje, amanhã, sempre”?

Ame a si mesmo”... O amor é o alimento da alma. Assim como a comida é para o corpo, o amor é para a alma. Sem comida o corpo enfraquece, sem amor a alma enfraquece. E nenhum estado, nenhuma igreja e nenhum interesse investido jamais quiseram que as pessoas tivessem almas fortes porque uma pessoa com energia espiritual está fadada a ser rebelde.

O amor lhe faz rebelde, revolucionário. O amor lhe dá asas para voar alto. O amor lhe dá insight nas coisas, assim ninguém pode lhe enganar, lhe explorar, lhe oprimir. E os padres e os políticos só sobrevivem com o seu sangue – eles só sobrevivem na exploração. Eles são parasitas, todos os sacerdotes e todos os políticos.

Para lhe tornar espiritualmente fraco eles descobriram um método seguro, cem por cento garantido, e esse é ensinar a você a não amar a si mesmo – porque se um homem não pode amar a si mesmo ele também não pode amar mais ninguém. O ensinamento é muito ardiloso. Eles dizem: Ame os outros – porque eles sabem que se você não puder amar a si mesmo você não pode amar de maneira nenhuma. Mas eles continuam dizendo: Ame os outros, ame a humanidade, ame a Deus, ame a natureza, ame sua esposa, seu marido, seus filhos e seus pais, mas não ame a si mesmo, porque, segundo eles, amar a si mesmo é egoísta.

Eles condenam o amor-próprio mais do que qualquer outra coisa – e eles fizeram seu ensinamento parecer muito lógico. Eles dizem: Se você amar a si mesmo você se tornará um egoísta, se você amar a si mesmo você se tornará um narcisista. Isso não é verdade. Um homem que ama a si mesmo descobre que não existe nenhum ego nele. É amando os outros sem amar a si próprio, é tentando amar os outros que o ego surge.

O amor nada sabe de dever. Dever é um fardo, uma formalidade. Amor é uma alegria, um compartilhar; o amor é informal. O amante nunca sente que ele fez o bastante; o amante sempre acha que mais é possível. O amante nunca sente, ‘Eu favoreci o outro’. Pelo contrário, ele sente, ‘Devido a que meu amor foi recebido, estou agradecido. O outro me favoreceu por receber meu presente, não o rejeitando’. O homem do dever pensa, ‘Sou mais elevado, espiritual, extraordinário. Vejam como eu sirvo as pessoas’!

Um homem que ama a si mesmo respeita a si mesmo e um homem que ama e respeita a si próprio respeita os outros também, porque ele sabe, ‘Assim como eu sou, os outros também são. Assim como gosto do amor, respeito, dignidade, os outros também gostam’. Ele se torna cônscio de que não somos diferentes, no que diz respeito ao essencial, nós somos um. Estamos debaixo da mesma lei: Aes dhammo sanantano*.

O homem que ama a si mesmo desfruta tanto do amor, se torna tão contente, que o amor começa a transbordar, começa a alcançar os outros. Tem que alcançar! Se você vive o amor, você começa a compartilhá-lo. Você não pode continuar a amar a si mesmo para sempre porque uma coisa ficará absolutamente clara para você: que se amando uma pessoa, você mesmo, é um êxtase tão tremendo e tão belo, tanto mais êxtase está esperando por você se você começar a compartilhar seu amor com muitas pessoas!

Lentamente as ondulações começam a se expandir cada vez mais longe. Você ama outras pessoas; então você começa a amar os animais, os pássaros, as árvores, as pedras. Você pode preencher todo o universo com o seu amor. Um simples indivíduo é suficiente para encher todo o universo com amor, assim como um simples seixo pode encher todo o lago de ondulações – um pequeno seixo.

O homem precisa se tornar um deus. A menos que o homem se torne um deus não poderá haver nenhum preenchimento, nenhum contentamento. Mas como é que você pode se tornar um deus? Seus sacerdotes dizem que você é um pecador. Seus sacerdotes dizem que você está condenado, que você está destinado a ir para o inferno. E eles lhe tornam muito temeroso de amar a si mesmo.

Eis porque as pessoas são tão eficientes em descobrir defeitos. Elas encontram defeitos em si mesmas – como é que elas podem evitar encontrar os mesmos defeitos nos outros? Na verdade, elas irão encontrá-los e irão engrandecê-los, irão torná-los tão grandes quanto possível. Esse parece ser o único meio de defesa; de alguma maneira, para salvar as aparências. Você precisa fazer isso. Eis porque existe tanta crítica e tanta falta de amor.

Digo que esse é um dos mais profundos sutras de Buda, e só uma pessoa desperta pode lhe dar um tal insight.

A pessoa que ama a si própria pode facilmente se tornar meditativa, porque meditação significa estar consigo mesmo.

Se você odeia a si mesmo – como você faz, como foi dito a você para fazer, e você tem seguido isso religiosamente – se você odeia a si próprio, como é que você pode ficar consigo mesmo? A meditação não é outra coisa senão desfrutar de sua bela solitude e celebrar a si próprio. Eis o que é toda a meditação. A meditação não é um relacionamento. O outro não é absolutamente necessário; somos suficientes para nós mesmos. Somos banhados em nossa própria glória, banhados em nossa própria luz. Estamos simplesmente alegres porque estamos vivos, porque somos.

O maior milagre do mundo é que você é e que eu sou. Ser é o maior milagre e a meditação abre as portas desse grande milagre. Mas só o homem que ama a si próprio pode meditar; do contrário você está sempre fugindo de si mesmo, evitando a si mesmo. Quem quer olhar para um rosto feio e quem quer penetrar num ser feio? Quem quer se aprofundar na própria lama, na própria escuridão? Quem vai querer entrar no inferno que pensam que estão? Você quer manter essa coisa toda coberta com lindas flores e você vai querer sempre fugir de si mesmo.

Desse modo as pessoas estão continuamente procurando companhia. Elas não podem ficar consigo mesmas; elas querem estar com os outros. As pessoas estão buscando qualquer tipo de companhia; se elas puderem evitar a companhia de si próprios qualquer coisa servirá. Elas se sentarão numa sala de cinema por três horas vendo alguma coisa totalmente estúpida. Elas irão ler uma novela de detetives por horas, desperdiçando seu tempo. Elas irão ler o mesmo jornal repetidamente apenas para ficarem ocupados. Elas irão jogar baralho e xadrez só para matar o tempo... Como se elas tivessem tempo de sobra!

O amor começa com você mesmo, assim ele pode se espalhar. Ele vai se espalhando a sua própria maneira; você não precisa fazer nada para espalhá-lo.

"Ame a si mesmo...", diz Buda. E então imediatamente ele acrescenta: "... e observe". Isso é meditação, esse é o nome de Buda para a meditação. Mas a primeira condição é amar a si mesmo, e então observe. Se você não amar a si mesmo e começar a observar, você pode se sentir como que cometendo suicídio.

Muitos Budistas se sentem como que cometendo suicídio porque eles não dão atenção à primeira parte do sutra, eles imediatamente saltam para a segunda parte: observe a si mesmo. Na verdade, nunca encontrei um simples comentário sobre o o Dhammapada, esses sutras do Buda, que desse alguma atenção à primeira parte: Ame a si mesmo.

Sócrates diz: Conhece a ti mesmo, Buda diz: Ame a si mesmo. E Buda é muito mais verdadeiro porque a menos que você ame a si próprio você nunca conhecerá a si mesmo – conhecer só vem mais tarde, o amor prepara o terreno. Amar é a possibilidade de conhecer a si mesmo. O amor é a maneira certa de conhecer a si mesmo.

“Ame a si mesmo e observe… hoje, amanhã, sempre”.

Crie energia ao redor de si mesmo. Ame seu corpo e ame sua mente. Ame todo seu mecanismo, todo seu organismo. Por amar significa: aceitar isso como isso é, não tente reprimir. Nós reprimimos somente quando odiamos alguma coisa, reprimimos somente quando somos contra alguma coisa. Não reprima porque se você reprimir como é que você vai observar? Não podemos fitar o inimigo olho no olho; podemos somente olhar nos olhos de nosso amado. Se você não for um amante de si mesmo você não será capaz de olhar nos seus próprios olhos, na sua própria face, na sua própria realidade.

Observar é meditação, o nome de Buda para a meditação. Observe diz Buda. Ele diz: Esteja cônscio, alerta, não fique inconsciente. Não se comporte como que dormindo. Não continue funcionando como uma máquina, como um robô. É assim que as pessoas estão vivendo.

Observe – apenas observe. Buda não diz o que deve ser observado – tudo! Caminhando, observe o seu caminhar. Comendo, observe o seu comer. Tomando banho, observe a água, a água fria caindo sobre você, o toque da água, a frieza, o arrepio que dá na sua espinha – observe tudo, “hoje, amanhã, sempre”.

Finalmente chega o momento quando você pode observar até mesmo seu sono. Esse é o máximo no observar. O corpo vai dormir e ainda fica um observador desperto, olhando silenciosamente o corpo profundamente adormecido. Isso é o máximo da observação. Agora mesmo exatamente o oposto é o caso: seu corpo está desperto, porém você está dormindo. Então você estará desperto e seu corpo estará dormindo. O corpo precisa de descanso, todavia sua consciência não necessita de nenhum sono. Sua consciência é consciência: isso é atenção, essa é sua própria natureza.

Quando você se torna mais alerta você começa a criar asas – então todo o céu lhe pertence. O homem é um encontro da terra com o céu, do corpo e da alma.

Osho, em "The Way of the Buddha: The Dhammapada"


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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Insatisfação



Porque nunca estamos satisfeitos com o que somos e temos?

Trigueirinho: 

"Porque nem sempre o que a gente pensa que é, é mesmo. E aquilo que temos, talvez muitas vezes nos atrapalha um pouco. Talvez tenhamos demais. E ter demais é tão problemático como não ter o suficiente. Pois existe a prova do não ter o suficiente e do contrário também.

Não tendo o suficiente, será um trabalho para você viver isso, aceitar isso e estar nisso. Porém, tendo o que precisa, você terá uma prova maior, para ver como responde àquelas dádivas que o universo te deu. E que nós chamamos de ter, por que nós temos muito essa sensação de posse. Nós não temos coisa alguma! O universo nos daria o que precisássemos se estivéssemos em contato com ele bem conscientes. 

Senão ele pode estar dando tudo o que precisamos, mas nós não percebemos, pois estamos querendo outras coisas. E como normalmente nós não vamos ter o que não nos corresponde, na ordem do universo, você fica sem uma coisa e sem a outra. E aí fica vivendo atrás de futilidades, exterioridades, buscando segundo a busca mental. E nem percebe o que o universo está te oferecendo. O ser humano é complicado."


domingo, 19 de agosto de 2012

Tempo livre



É nobre e digno fazer leituras e estudos em nome do autoconhecimento. 
Porém, não é absolutamente necessário, pois quem quiser se conhecer melhor só tem de observar a si para constatar a maneira com que utiliza o tempo livre. 
É no uso do tempo livre que nós somos mais sinceros conosco mesmos, pois não há nesse nada de obrigatório, só nos resta o confronto com nossos mais íntimos anseios e inclinações. 
Por isso mesmo o tempo livre não deveria ser concentrado num só dia, ou no final de semana, pois corremos o risco de chegarmos tão cansados a esses momentos que não nos restem condições para sermos nós mesmos. 
Hoje é domingo e Lua Vazia, a conjunção de dois fatores que promovem o tempo livre; nada obriga você a nada, tudo promove a perspectiva de você ter uma melhor idéia a respeito de quem você é.

Quiroga

domingo, 12 de agosto de 2012

Deus



“Pára de ficar rezando e batendo o peito !
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios
que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.
Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável.
Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu Amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem,
no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho…
Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir.
Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim.
Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito,
nem te incomodo, nem te castigo.
Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não lhe faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o única que há aqui e agora, e o única que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos.
Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar.
Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste…
Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim.
Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada,
quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem.
Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti,
de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo,
e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.”

BARUCH SPINOZA(1632-1677)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A ambiguidade


A ambiguidade é filha bastarda da liberdade, querida e rejeitada ao mesmo tempo; não poderia ser diferente, afinal ela tem de ser coerente com ela mesma, pelo menos.

Você quer isso, mas você também quer aquilo, e a convivência dos dois quereres aponta à construção de mundos incompatíveis entre si.

O que fará o humano em estado ambíguo? Decidirá dar fim a um querer para privilegiar o outro?

Nada disso! Em primeiro lugar, segundo, terceiro e em todas as fases do processo ambíguo o humano sofrerá o tormento de não poder realizar tudo que anseia; sabe de antemão que isso será impossível e se atormenta com sua própria alma, apegada a todos os quereres e permanecendo em estado ambíguo.


Porém, descaracterizando a suposta ambiguidade o humano contradiz a si mesmo, pois sustenta o que o atormenta, se aferra à ambiguidade com firme convicção da impossibilidade de haver outra perspectiva além dessa. Não seria essa uma postura coerente?


Contudo, e apesar da complexa teia que sustenta a ambiguidade e de sua ascendência tão nobre, pois ela é fiha da liberdade de decidir; afinal, ainda assim não é essa uma postura que se possa aconselhar a sustentar por tempo demais.


Em momentos fugazes, com perspectiva de terminarem o mais rapidamente possível, a ambiguidade pode demonstrar com clareza lancinante os labirintos sofisticados da mente humana.


Sem embargo, aqueles que sustentam a ambiguidade como elemento essencial de suas existências tendem a enlouquecer as pessoas que estão dentro de seus círculos de influência, pois não lhes permitem definir nada que as inclua, atormentando-as com a mesma intensidade do tormento que elas mesmas experimentam o tempo inteiro.
Quiroga 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O valor do pouco


De pouco em pouco se faz um grande caminho ou, também, a gente pode se meter numa encrenca dos diabos.
O valor do pouco é constantemente despercebido, porque os pretensiosos olhos humanos estão constantemente deslumbrados com o maior.

Porém, é de pouco em pouco que chegamos ao grande, são os meios que justificam o fim e não o contrário.
Sim, porque erros pequenos repetidos incessantemente irão de forma infalível resultar em alguma grande catástrofe.

Da mesma forma, acertos pequenos feitos de forma sistemática e ordenada conduzirão de forma irreversível a algum favorecimento de magnitude importante.

Neste período, por isso, é extremamente propício prestar a devida atenção ao que você repete de forma habitual despercebidamente, considerando que é através dessa repetição que você cria seu destino.

Há um provérbio astrológico que reza: os hábitos formam o caráter, o caráter se transforma no destino.

Quiroga

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Aprender a viver sem ideologias


Nenhuma ideologia pode ajudar a criar um mundo novo, ou uma nova mente, ou um ser humano novo, porque a própria orientação ideológica é a causa principal de todos os conflitos e de todas as misérias.
Pensamento cria fronteiras, pensamento cria divisões, e pensamento cria preconceitos - e o próprio pensamento não os pode ligar; é por isso que todas as ideologias fracassam.
Agora o homem precisa aprender a viver sem ideologias
: religiosa, política ou outra qualquer.
Quando a mente não está ligada a nenhuma ideologia está livre para se mover para novos entendimentos
.
E nessa liberdade floresce tudo o que é bom e tudo o que é bonito.



Osho, em "Uma Xícara de Chá"