domingo, 25 de novembro de 2012

Opostos que não são



Fome de prazer? Certamente! Porém, talvez você tenha se esquecido de que o prazer sempre vem acompanhado de sua irmã gêmea, a dor, que também é chamada de decepção.

Essa ambiguidade é infalível, você pode tentar forçar a separação, mas só conseguirá postergar a visão dessas gêmeas siamesas que são inseparáveis, ninguém consegue a façanha de pinçar somente uma delas, elas andam juntas.

O oposto do prazer não é a dor, nem tampouco o oposto da dor é o prazer, prazer e dor andam juntos e nunca se separam.

Quem anda na contramão destas siamesas e as anula indo além delas é a felicidade, a dimensão misteriosa que não se importa se as condições são dolorosas ou prazerosas, pois infunde a certeza de tudo estar bem ainda que pareça estar mal.

Felicidade é o que sua alma verdadeiramente procura, trabalhe com esta hipótese, liberte-se do jugo das gêmeas siamesas.

Quiroga

Tratak



Tratak – a técnica do olhar fixo
Se você olhar para uma chama por um longo tempo, por alguns meses, durante uma hora diariamente, o seu terceiro olho começará a funcionar perfeitamente. Você se tornará mais alerta, mais iluminado.

A palavra tratak vem de uma raiz que significa lágrima. Você deve olhar para a chama até que as lágrimas comecem a fluir pelos olhos. Continue fixando, sem piscar, e o terceiro olho começará a vibrar.

A técnica de olhar fixamente não está, na verdade, relacionada com o objeto, mas sim com o próprio olhar fixo. Fixando o olho sem piscar, você fica focado, e a natureza da mente é estar em constante movimento. Se você olhar realmente fixo, sem mover nada, a mente fatalmente terá problemas.

A natureza da mente é mover-se de um objeto para outro, mover-se constantemente. Se você fixar o olho na escuridão, na luz, ou em qualquer outra coisa, se estiver realmente fixando, o movimento da mente cessará. Porque se a mente estiver se movendo, você não estará fixando; estará perdendo o objeto. 

Quando a mente se move para qualquer outro lugar, você se esquece, não consegue lembrar-se do que estava olhando. Fisicamente, o objeto está lá, mas desaparece para você porque você não está presente; você se moveu em pensamento.

Olhar fixamente, tratak, significa não permitir que a atenção se mova. E quando você não permite que a sua mente se mova, no início, ela luta, luta muito, mas se você continua a praticar a técnica, aos poucos ela para de lutar.

Para por momentos. E quando a mente para, não existe mente, pois ela só pode existir em movimento. Quando não há movimento, o pensamento desaparece, você não consegue pensar, pois pensamento significa movimento – mover-se de um pensamento para outro. É um processo.

Se você olhar fixa e continuamente para uma coisa, totalmente atento e alerta... porque você pode fixar com os olhos mortos e continuar pensando – apenas os olhos, olhos mortos, sem ver. Com os olhos de um morto você consegue ver, mas a mente continua se movendo. Isso não adianta nada. Olhar fixamente significa olhar não só com os olhos, mas com a mente totalmente focada através dos olhos.

Portanto, seja qual for o objeto – isso depende: se você gosta da luz, tudo bem; se gosta da escuridão, ótimo. Seja qual for o objeto, no fundo ele é irrelevante – a questão é parar a mente de maneira total ao fixar, é focá-la para que o movimento interior, a agitação, cesse, para que a oscilação interior cesse. 

Você está apenas olhando sem fazer nada. Esse olhar profundo o mudará completamente. Tornar-se-á uma meditação.

Osho, em "O Livro Orange"


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sábado, 17 de novembro de 2012

Evolução





A evolução é infalível, porém, no caso de nossa humanidade não é automática, precisa ser decidida, promovida, incentivada e sustentada ao longo do tempo. 
Em nossa humanidade a evolução pode ficar estagnada por períodos enormes até alguma ficha cair e uma verdade se tornar disseminada o suficiente para que os indivíduos se motivem a ir à busca de algo que ainda não realizaram, mas que percebem vagamente. 
A evolução é sempre motivada por uma limitação, por um constrangimento, uma falta qualquer que é percebida, porque também é percebido que há algo além dessa condição. 
Nesse momento se coloca em marcha a Lei dos Ciclos, que opera ao longo do tempo a sabedoria das experiências, as quais, por sua vez, promovem a expansão. 
Assim acontece a evolução, mas de novo, no caso de nossa humanidade esta não é automática.

Quiroga


domingo, 11 de novembro de 2012

O amor é uma flor rara


O amor é uma flor rara. Ele só acontece às vezes. Milhões e milhões de pessoas vivem na falsa atitude de que amam. Elas acreditam que amam, mas isso é só uma crença.

O amor é uma flor rara. Às vezes ele acontece. É raro porque só pode acontecer quando não existe medo, nunca antes disso. 

Isso significa que o amor só pode acontecer a uma pessoa profundamente espiritualizada, religiosa. 

O sexo é possível para todos. A familiaridade é possível para todos. Não o amor.

Quando você não tem medo, não há o que esconder; então você pode se abrir, pode pôr abaixo todas as fronteiras. E então pode convidar o outro a tocar a sua essência.

E, lembre-se, se você deixa que alguém o toque profundamente, o outro também deixará que você o toque, pois, quando deixa que alguém o toque, você inspira confiança.

Quando você não tem medo, o medo da outra pessoa também desaparece.

No amor de vocês, o medo está sempre presente. O marido teme a mulher, a mulher teme o marido. As pessoas que se amam sempre têm medo uma da oura. Então não é amor. É só um arranjo entre duas pessoas medrosas, que dependem uma da outra, brigam, exploram-se, manipulam, controlam, dominam, possuem uma a outra — mas não é amor.

Se você conseguir deixar que o amor aconteça, não precisará de prece, não precisará de meditação, não precisará de igreja nenhuma, de templo nenhum. 

Se amar, você pode se esquecer completamente de Deus — porque, por meio do amor, tudo terá acontecido a você: meditação, prece, Deus, tudo terá acontecido a você.

É isso que Jesus quis dizer quando falou que Deus é amor. 

Mas o amor é difícil. O medo tem que ser superado. E é isto que é estranho, vocês têm tanto medo e, ao mesmo tempo, não têm nada a perder. 

Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"

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M

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em busca de algo mais



Você quer mais, isso é legítimo, porque significa que sua alma percebe haver algo mais do que a realidade que conseguiu construir até o momento.

Esse impulso, porém, é delicado e precisa ser tratado com carinho e cuidado, pois se for machucado e sistematicamente frustrado se tornará um veneno que corroerá as entranhas da própria alma ao ponto de não poder mais se movimentar livremente na busca de algo mais.

É um caminho perigoso, pois a alma também corre o risco de enredar e travar seus movimentos livres quando, tomada pela inveja, se convencer de que o jardim dos outros seja tão mais bonito que o próprio que só o tomando para si conseguiria se sentir feliz.

Por isso e por muitas outras coisas é que o impulso inicial, legítimo, puro, belo e verdadeiro se pode corromper para depois ser muito difícil resgatá-lo; não impossível, nunca é, porém, bem difícil redimi-lo.

Você quer mais, pois então se cuide para não se corromper, pois essa seria a única forma de não conseguir o mais que você quer, mas se iludir com dimensões que infalivelmente diminuirão o tamanho de sua humanidade.

O caminho de querer mais será legítimo e, por isso, protetor e incentivador de progresso, na medida em que você perceber que se pode irradiar livremente ao mundo inteiro.

Progresso legítimo é aquele que se pode compartilhar, enquanto o ilegítimo é o que precisa de ocultamento e repressão para ser sustentado.

Quiroga

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O jardineiro



      - Bom dia!                
     Começava assim sua jornada diária.                
     Logo de pé olhava para a parede do quarto onde havia escrito “sorria todos os dias”. Sorria e dava bom dia a si mesmo, e depois dizia alto, para o mundo escutar. Olhava-se bem no espelho, cada parte de seu corpo e com as mãos sentia o bater do coração. Estava bem vivo. Tinha mais um dia para fazer de cada respiração uma âncora a prendê-lo no presente e perceber tudo ao seu redor. Como todos os outros, carregava também alguns problemas, mas ao se levantar todas as manhãs estava disposto a procurar soluções e não mais perguntas.
     Pelas ruas andava sustentando um belo sorriso. Era sua maneira de agradecimento com a vida por lhe oferecer a cada dia novas oportunidades. Agradecer pelo sol brilhar, pela chuva, pelo vento que levava tanta coisa embora. Tinha uma verdadeira gratidão pelo que recebia do mundo e o que demais necessitava buscava com boa vontade. De braços abertos recebia o que a vida tinha para oferecer e tentava fazer o melhor com o que possuía. Transformava o que para muitos seria dificuldade em novos desafios.
     As adversidades eram um solo perfeito para crescer sua esperança. Nunca conheceu campo tão fértil e era incrível tudo o que ali crescia com o devido cuidado e atenção. Apresentava-se árido e agressivo ao primeiro contato, mas quando regado com paciência e amor grandes campos verdejantes brotavam.
     Possuía um jeito incomparável de lidar com suas mudas, cada uma de espécie distinta, mas todas ganhavam sua merecida atenção. Não se importava em dispor de seu tempo para regá-las devagar, pois andava ao seu lado e sabia que o próprio tempo traria belíssimas flores. Iluminava aquele campo com luz de sabedoria e não havia terra seca que não se desdobrasse em vida ao seu toque.
     Cultivava cada sorriso que recebia em reflexo ao seu. Mesmo aqueles soltos pelos rostos alheios fazia crescer também dentro de si. Em sua alma eles eram alimento para a felicidade, uma fonte eterna de energia que nutria seu canteiro de coisas boas. Via pelas ruas sorrisos de pessoas apaixonadas, de amigos, irmãos, de gente que simplesmente ria por rir. Vibrava com a certeza de que todos sabiam que a alegria existia estando sozinhos ou não. Satisfazia-se em saber que apesar dos males que, tinha certeza, acompanhava cada um ainda sabiam sorrir. Regavam de suas próprias maneiras suas sementes, mas infelizmente ainda não preparavam bem o solo.
     Não havia paredes que o impediam de ter contato com coisas ruins. Ao contrário, não era feito de ferro, assim como os demais, e diariamente todo tipo de angústia insistia em perturbá-lo. Porém, tinha consciência de que poderia escolher entre deixar que isso o derrubasse ou poderia filtrá-las, tirando algo positivo dali. Agia como a água: ao encontrar um obstáculo, contornava-o. Não gastava sua energia dando murros em ponta de faca. Quando lhe fechavam a porta, saía pela janela.
     Em momentos onde alguns entrariam em desespero, ele aquietava sua emoção e impedia que seus próprios sentimentos lhe empurrasse abismo abaixo. Tinha controle sobre o que sentia e não se deixava dominar. Era um pleno observador da situação e assim podia discernir o caminho à sua frente e avaliar todas as posições. Como fazia todos os dias ao abrir os olhos, estava em busca das soluções e não em correr em círculos atrás dos problemas. Quando não as encontrava, sorria:
_O problema que não tem solução, solucionado está!
     Existiam vários motivos para que suas flores morressem ou crescessem tristes e sem cor. Às vezes o tempo não era propício ao cultivo, mas nem por isso desistia da labuta. Havia tempestades torrenciais, secas severas, tornados que varriam o que à sua frente estava. Ainda assim seu jardim era deslumbrante. Sempre reservava forças para fazer as coisas acontecerem, uma fonte para regar e manter aquecido suas determinações.
     Sobre a peneira de sua razão crescia sempre bons frutos. Não importava o que entrava, mas sim o que saía. O mundo estava repleto de energias negativas, de pessoas que odiavam as outras por não conseguirem amar a si mesmos. Tropeçava constantemente nos erros deixados pelas ruas, deparava-se em cada esquina com pessimismos, sortes perdidas e onde havia espaço era possível encontrar as mais variadas solidões. Seus olhos não eram alheio a tudo isso, muito menos seus ouvidos e todos os outros sentidos. Porém, tudo que assimilava era reciclado em sua alma. Possuía uma máquina que repintava as partes feias daquele lixo, adicionava alguns belos detalhes e pronto, estava novo. Transformava esperanças quebradas em solo bom, lágrimas em chuva e solidão em céu aberto com sol e luz.
     Nada surgia ao acaso, nem mesmo o que não era bom. Colhia o que semeava. Sabia que para ter belas flores deveria cultivar boas sementes. A qualidade do que possuía advinha da sua escolha de semear bons pensamentos ou não, tomar atitudes certas ou precipitadas, ser otimista ou pessimista, aprender a sorrir ou se afogar na decepção. Não importava o tamanho do que produzia, mas sim a intensidade que lhe trazia alegria. Quanto mais regasse suas sementes, mais elas cresceriam fortes e saudáveis. Suas palavras trariam muito mais além do que suas mãos poderiam alcançar. Todas as atitudes positivas seriam o melhor dos alimentos para seu jardim.
     Era um trabalho árduo, mas fazia com amor. Sua vontade em cultivar o belo era sincera, dando-lhe os motivos certos para continuar sua peleja. Seu jardim não era sua propriedade particular, mas um lugar onde plantava um mundo bom para que outros pudessem também o desfrutar. Era aberto a quem quisesse colher a felicidade em seu estado mais puro e verdadeiro. Era o destino daqueles com corações quebrantados, onde aprenderiam como cuidar de seu próprio canteiro. 
     Por todos os dias continuaria a regar suas boas intenções e ver brotar os mais variados e belos frutos e flores. Mesmo que não fosse, daria bom dia à ele, ao mundo, à vida. Estaria sempre em seu campo colorido de vida, perfume e amor, talvez escondido no meio das coisas boas, mas sempre disponível àqueles que queriam deixar sua vida menos amarga. Estava cercado pelo produto de sua própria vontade, de seus esforços e de suas crenças.
      Suas ferramentas eram suas próprias mãos, seu coração e seu sorriso. Estava com os pés descalços, em contato com o chão, para perceber a verdade do mundo em seu contato. Conhecia a si mesmo, conhecia os demais. Gratuito era seu trabalho e recebia como pagamento o melhor tesouro: a felicidade.



Gabriel Costa
22/10/2012 - 03/11/2012

http://umcaradeumabanda.blogspot.com.br/2012/11/o-jardineiro.html?spref=fb


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Você foi capaz de ser você mesmo?



Nunca tente ser outra pessoa. Apenas tente descobrir quem você é, e permita-se ser, aceite isso, dê-lhe as boas-vindas, deleite-se nisso, aprecie, de modo que seu ser seja nutrido, de modo que ele cresça.

Através de você, Deus está tentando se tornar alguém que ele nunca tentou antes.

Deus não é repetitivo; sua criatividade é infinita. Ele nunca dirige o mesmo modelo novamente — ele não é um Henry Ford. 

Ele é absolutamente inventivo: todos os dias vai tentando o novo, o fresco, nunca tem o incômodo de repetir um modelo novamente, vai sempre aperfeiçoando; é um grande inovador. É isso que é criatividade. 

Assim, não tente se tornar um Jesus — porque então Deus não o receberá. 

Um hassídico estava morrendo. Seu nome era Josias. Alguém lhe perguntou: 
— Você orou a Deus, já fez a sua paz com Deus? Tem certeza de que Moisés será uma testemunha sua? 
Josias olhou para o questionador e respondeu: 
— Não estou preocupado com Moisés, porque, quando estiver frente a frente com Deus, sei perfeitamente bem que ele não me perguntará: "Josias, por que você não foi um Moisés?" Ele me perguntará: "Josias, por que você não foi um Josias?" 
Assim, estou preocupado comigo. Parem de falar absurdos! Moisés — o que eu vou fazer com Moisés? Toda a minha vida foi um desperdício nisso.
Agora estou morrendo e encarando a verdadeira questão que ele me perguntará: "Você foi um Josias ou não? Eu o fiz para você ser alguém especial, alguém único. Você alcançou esse pico ou não? Você perdeu a oportunidade?"

Deus lhe perguntará certamente: "Você foi capaz de ser você mesmo?" 

Nenhuma outra pergunta pode ser feita.

Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"


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