quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Caminho com coração



"Um caminho é só um caminho, e não há desrespeito a si ou aos outros em abandoná-lo, se é isto que o coração nos diz...
Examine cada caminho com muito cuidado e deliberação.
Tente-o muitas vezes, tanto quanto julgar necessário.
Só então pergunte a você mesmo, sozinho, uma coisa...
Este caminho tem coração?
Se tem, o caminho é bom,
se não tem, ele não lhe serve. 

Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece". 

Dom Juan Matus

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O amor se torna apego porque não existe nenhum amor


Perguntaram a Osho:

Você disse que o amor pode nos tornar livres. Mas comumente nós vemos que o amor se torna apego, e ao invés de nos libertar ele nos torna mais amarrados. Assim, diga-nos alguma coisa sobre apego e liberdade.

O amor se torna apego, porque não existe nenhum amor. Você estava apenas num jogo, enganando a si mesmo. O apego é a realidade; o amor era apenas um prelúdio. Assim, sempre que você se apaixona, mais cedo ou mais tarde, você descobre que você se tornou um instrumento - e, então, toda a miséria começa. Qual é o mecanismo? Por que isso acontece?

Há alguns dias, um homem veio a mim e ele estava se sentindo muito culpado. Ele disse: “Eu amei uma mulher, eu a amei muito. No dia em que ela morreu, eu estava chorando e pranteando, mas de repente eu me tornei consciente de uma certa liberdade dentro de mim, como se alguma carga tivesse me deixado. Eu senti um profundo alívio, como se tivesse me tornado livre”.

Naquele momento, ele se tornou consciente de uma segunda camada de seu sentimento. Externamente ele estava chorando e pranteando e dizendo: “Eu não posso viver sem ela. Agora será impossível, ou a vida será apenas como a morte. Mas bem fundo” - ele disse - “eu me tomei consciente de que estou me sentindo muito bem, que agora eu estou livre”.

Uma terceira camada começou a sentir culpa. Ela lhe dizia: “O que você está fazendo”? E um corpo morto estava deitado ali, bem à sua frente, ele me contou, e ele começou a sentir uma enorme culpa. Ele me disse: “Ajude-me. O que está acontecendo à minha mente? Eu a traí tão cedo”?

Nada aconteceu; ninguém foi traído. Quando o amor se torna apego, ele se torna uma carga, uma escravidão. Mas por que o amor se torna um apego? A primeira coisa a ser entendida é que se o amor se torna um apego, você estava apenas em uma ilusão de que aquilo era amor. Você estava apenas brincando consigo mesmo e pensando que aquilo era amor. Na verdade, você estava necessitado de apego. E se você for ainda mais fundo, descobrirá que você estava também necessitando de se tornar um escravo.

Há um medo sutil da liberdade e todo mundo quer ser um escravo. Todo mundo, naturalmente, fala sobre liberdade, mas ninguém tem a coragem de ser realmente livre, porque quando você é realmente livre, você está só. Se você tem coragem de estar só, somente então, você pode ser livre.

Mas ninguém é corajoso o suficiente para estar só. Você precisa de alguém. Por que você precisa de alguém? Você tem medo de sua própria solidão. Você se torna entediado consigo mesmo. E na verdade, quando você está sozinho, nada parece significativo. Com alguém, você fica ocupado e você cria significados artificiais à sua volta.

Você não pode viver para si mesmo; assim, você começa a viver para outra pessoa. E também é o mesmo caso com a outra pessoa: ele ou ela não pode viver sozinho; assim, ele está na busca para encontrar alguém. Duas pessoas que estão com medo de suas próprias solidões, reúnem-se e começam um jogo - um jogo de amor. Mas, bem no fundo, elas estão buscando apego, compromisso, escravidão.

Assim, mais cedo ou mais tarde, tudo o que você deseja acontece. Essa é uma das coisas mais lamentáveis no mundo. Tudo o que você deseja chega a acontecer. Você a terá mais cedo ou mais tarde e o prelúdio desaparecerá. Quando a sua função for cumprida, ele desaparecerá. Quando você se tornou uma esposa ou um marido, escravos um do outro, quando o casamento aconteceu, o amor desaparece, porque o amor era apenas uma ilusão na qual duas pessoas poderiam se tornar escravas uma da outra.

Diretamente você não pode pedir por escravidão; é muito humilhante. E diretamente você não pode dizer para alguém: “Torne-se meu escravo”. - ...ele irá se revoltar. Nem você pode dizer: “Quero me tornar um seu escravo”; assim, você diz: “Eu não posso viver sem você”. Mas o significado está presente; é o mesmo. E quando isso - o desejo real - é preenchido, o amor desaparece. Então, você sente servidão, escravidão e, então, você começa a lutar para se tornar livre.

Lembre-se disso. Este é um dos paradoxos da mente: tudo o que você conseguir, você irá se aborrecer com aquilo, e tudo o que você não conseguir, você ansiará profundamente. Quando você está sozinho, você ansiará por alguma escravidão, alguma servidão. Quando você está em uma servidão, você começará a desejar liberdade. Na verdade, somente escravos desejam liberdade, e pessoas livres tentam novamente ser escravas. A mente continua como um pêndulo, movendo-se de um extremo ao outro.

O amor não se torna apego. O apego era a necessidade; o amor era apenas uma isca. Você estava a procura de um peixe chamado apego; o amor era apenas uma isca para pegar o peixe. Quando o peixe é apanhado, a isca é jogada fora. Lembre-se disso e, sempre que você estiver fazendo alguma coisa, vá fundo dentro de si mesmo para encontrar a causa básica.

Se existir amor real, ele nunca se tornará apego. Qual é o mecanismo para o amor se tornar apego? No momento em que você diz para seu amante ou amada “eu só amo você”, você começou a possuir. E no momento em que você possui alguém, você o insultou profundamente, porque você o tornou uma coisa.

Quando eu o possuo, você não é uma pessoa então, mas apenas um item a mais dentre a minha mobília - uma coisa. Então, eu o uso e você é minha coisa, minha posse; assim, eu não permitirei que ninguém mais o use. Isso é uma barganha na qual eu sou possuído por você e você faz de mim uma coisa. Isso é uma barganha, que “agora” ninguém mais pode usá-lo. Ambos os parceiros se sentem atados e escravizados. Eu o tomo um escravo, então, você, em troca, faz de mim um escravo.

Então a luta começa. Eu quero ser uma pessoa livre e, ainda assim, eu quero que você seja possuído por mim; você quer manter a sua liberdade e, ainda assim, me possuir — esta é a luta. Se eu o possuo, eu serei possuído por você. Se eu não quero ser possuído por você, eu não deveria possuí-lo.

A posse não deveria entrar no meio. Nós devemos permanecer indivíduos e devemos nos mover como consciências independentes e livres. Nós podemos ficar juntos, nós podemos nos fundir um no outro, mas sem posse. Então, não há servidão e, então, não há apego.

O apego é uma das coisas mais feias. E quando eu digo “mais feia”, eu não quero dizer apenas religiosamente, eu quero dizer também esteticamente. Quando você está apegado, você perdeu a sua solidão, a sua solitude: você perdeu tudo. Apenas para se sentir bem - porque alguém precisa de você e alguém está com você - você perdeu tudo, perdeu a si mesmo.

Mas a armadilha é que você tenta ser independente e você torna o outro a posse - e o outro está fazendo a mesma coisa. Assim, não possua se você não quer ser possuído.

Jesus disse em algum lugar: “Não julgue para não ser julgado”. É a mesma coisa: “Não possua para não ser possuído”. Não faça de ninguém um escravo; do contrário você se tornará um escravo.

Os assim chamados mestres são sempre servos de seus próprios servos. Você não pode se tornar um mestre de alguém sem se tornar um servo - isso é impossível.

Você só pode ser um mestre quando ninguém é um servo para você. Isso parece paradoxal, porque quando eu digo que você só pode se tornar um mestre quando ninguém é um servo para você, você dirá: “Então o que é o mestrado? Como eu sou um mestre quando ninguém é um servo para mim”? Mas eu digo que somente então, você é um mestre. Então, ninguém é um servo para você e ninguém tentará torná-lo um servo.

Amar a liberdade, tentar ser livre, significa basicamente que você chegou a uma profunda compreensão de si mesmo. Agora, você sabe que você é suficiente para si mesmo. Você pode compartilhar com os outros, mas você não é dependente. Eu posso compartilhar a mim mesmo com alguém. Eu posso compartilhar o meu amor, eu posso compartilhar minha felicidade, eu posso compartilhar minha alegria, meu silêncio com alguém. Mas isso é um compartilhar, não uma dependência. Se não houver ninguém, eu estarei igualmente feliz, igualmente alegre. Se alguém está presente, isso também é bom e eu posso compartilhar.

Quando você perceber sua consciência interior, seu centro, somente então, o amor não se tornará um apego. Se você não conhecer seu centro interior, o amor se tornará um apego. Se você conhecer o seu centro interior, o amor se tornará uma devoção. Mas você deve primeiro estar presente para amar, e você não está.

Buda estava passando por um vilarejo. Um jovem veio até a ele e disse: “Ensine-me algo: como eu posso servir aos outros”?

Buda riu para ele e disse: “Primeiramente, seja. Esqueça os outros. Primeiramente, seja você mesmo e, então, todas as coisas se seguirão”.

Exatamente agora você não é. Quando você diz “quando eu amo alguém isso se torna um apego”, você está dizendo que você não é; assim, tudo o que você faz dá errado, porque o fazedor está ausente. O ponto interior de consciência não está presente; assim, tudo o que você faz, dá errado. Primeiro seja e, então, você pode compartilhar seu ser. E esse compartilhar será amor. Antes disso, tudo o que você fizer se tornará um apego.

E, por último: se você está lutando contra o apego, você tomou uma direção errada. Você pode lutar. Assim, muitos monges - reclusos, saniássins - estão fazendo isso. Eles sentem que estão apegados às suas casas, às suas propriedades, às suas esposas, aos seus filhos e eles se sentem engaiolados, aprisionados.

Eles fogem, deixam suas casas, deixam as suas esposas, deixam seus filhos e posses e eles se tornam mendigos e escapam para a floresta, para a solidão. Mas vá lá e observe-os. Eles se tornaram apegados aos seus novos arredores.

Eu estive visitando um amigo que estava em uma vida reclusa embaixo de uma árvore em uma floresta densa, mas havia outros ascetas também. Um dia, aconteceu de eu estar com esse recluso embaixo de sua árvore e um novo buscador ter vindo enquanto meu amigo estava ausente. Ele tinha ido ao rio tomar um banho. Embaixo de sua árvore o novo saniássin começou a meditar.

O homem voltou do rio e empurrou o novato da árvore, e disse: “Esta é minha árvore. Vá e encontre outra, em algum outro lugar. Ninguém pode se sentar sob a minha árvore”. E esse homem tinha deixado a sua casa, a sua esposa, os seus filhos. Agora a árvore se tornou uma posse - você não pode meditar embaixo da árvore dele.

Você não pode escapar tão facilmente do apego. Ele tomará novas formas, novos contornos. Você será enganado, mas ele estará presente. Assim, não lute com o apego, apenas tente entender por que ele existe. E, então, conheça a causa profunda: devido a você não ser, esse apego existe.

Dentro de você, o seu próprio ser está tão ausente, que você tenta se apegar a qualquer coisa a fim de se sentir a salvo. Você não está enraizado; assim, você tenta fazer de qualquer coisa às suas raízes. Quando você está enraizado em seu ser, quando você sabe quem você é, o que é esse ser que está dentro de você e o que é essa consciência que está em você, então, você não se apegará a ninguém.

Isso não significa que você não amará. Na verdade, somente então, você pode amar, porque então o compartilhar é possível - e sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa. Você simplesmente compartilha, porque você tem uma abundância, porque você tem tanto que está transbordando.

Esse transbordamento de si mesmo é amor. E quando esse transbordamento se torna uma enchente, quando, por seu próprio transbordamento, o universo inteiro é preenchido e seu amor toca as estrelas, em seu amor a terra se sente bem e em seu amor todo o universo é banhado; então, isso é devoção.

Osho, em "O Livro dos Segredos"


Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/2013/11/nao-amor-apego.html#ixzz2llHL8hgb

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A busca


"Quando tuas perguntas fracassarem, 
Quando tuas ações cessarem, 
Acharás tua Paz 
Na quietude de tua meditação 

O Céu não é algo irreal, 
Não é um plano ou lugar. 
Ele vive na alma do homem 
Para um dia a ele se revelar. 

Quando o Céu procurares, 
À sua Porta fores bater 
Sentirás ter feito o melhor, 
Que nada tão ímpar pode haver. 

A Porta está aberta, 
Poderás por ela entrar 
No Reino de nosso Cristo 
E sempre lá ficar. 

Uma vez que O tenhas achado 
Para em segurança n’Ele habitar, 
Todo o desgosto terá passado, 
Não mais O quererás deixar. 

Permite oferecer-te uma prece, 
Para que tu possas ver realmente 
A Perfeição atuando em tua vida 
Agora, sempre, eternamente"

Autor: Saint Germain?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Auto-domínio




"Mesmo sendo inegável que o repouso é necessário, o mago deve ser capaz de manter longas vigílias, capaz de ir dormir muito tarde e acordar muito cedo sem jamais permitir que seu relógio biológico fique preso às rotinas das horas que regem a vida dos homens e mulheres comuns. 



Capaz de tomar banhos frios em dias frios. De cuidar de todas as suas necessidades pessoais: providenciar e preparar a própria comida, manter limpos seu corpo, sua casa, suas roupas; tem de ser capaz de abster-se de todas as substâncias inebriantes e, ao mesmo tempo, ser capaz de absorver todas elas, reconhecendo-as e sem perder o controle de si mesmo. 



Na vida de um mago não existem concessões para nenhum tipo de negligência porque a negligência é mortal. É preciso desenvolver a resistência às dores do corpo e da alma.



Desenvolver técnicas de auto-cura por meio da respiração, da auto-sugestão e da utilização de substâncias e práticas simples: água quente, gelada e em temperatura ambiente conforme a necessidade, álcool, cânfora, alho, mel, limão; alongamento, auto-massagem, são alguns exemplos da capacidade e possibilidade de curar-se sozinho em situações adversas.



É necessário ser capaz de ficar longos períodos em completa solidão. Suportar o silêncio, calar a mente e ao mesmo tempo, poder tornar-se insensível ao barulho de modo que a balbúrdia dos ruídos jamais possa perturbar sua capacidade de observação e raciocínio.



É indispensável resistir à tentação de falar de si mesmo e de suas atividades mágicas, de seus projetos, de suas realizações, porque falar dessas coisas dispersa a força necessária para alcançar e manter suas realizações."



Ensinamentos de Don Juan

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Quando o amor morre, morre

Eu tenho visto milhões de pessoas levando relacionamentos amorosos mortos, que estão mortos há muito tempo, mas essas pessoas continuam carregando-os por medo, apegando-se - somente apegando-se ao conhecido, ao familiar, mesmo que seja somente desgraça e nada mais, mas apegando-se.

Quando o amor morre, morre. Com o tempo você tem que aceitar a morte e você tem que dizer adeus, sem acusações, sem protestos, porque quando algo morre o que você pode fazer?

Com o tempo essa é a natureza das coisas: elas começam e terminam. Buda diz: "Tudo o que acontece no tempo está condenado a morrer."

Então aceite - essa é a natureza das coisas.

Osho, em "Desiderata. Guía espiritual"

Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/2009/05/quando-o-amor-morre-morre.html#ixzz2ZpVRWzmB

terça-feira, 16 de julho de 2013

Decisões


Não há mais desculpa, não há mais argumento válido para legitimar a protelação, todas as almas humanas conhecem e reconhecem com clareza os sonhos que fazem seus corações arderem de vontade de realizá-los.

A partir de agora é decisão, só isso. 

Ou a decisão de continuar fingindo que se deve protelar essas realizações porque precisa pagar a dívida do cartão, a escola dos filhos ou a troca de carro, ou a decisão de colocar essas supostas importâncias em seus devidos lugares e passar a viver a vida como precisa ser vivida, levando a sério o ardor do coração.

Todo ser humano possui esse ardor e é ele mesmo na medida em que se atrever a colocá-lo em prática.

A margem de manobra que chamamos de livre arbítrio nos permite protelar esse atrevimento, porém, quando se chega a um momento histórico como o que vivemos, todo livre arbítrio precisa ser adequado ao bem comum, que é maior.
É assim que se vivem momentos de maior pressão, onde o reconhecimento claro desse ardor provoca pesadelos nas pessoas que pretendem continuar fingindo que isso não seja importante, mas também provoca regozijo naqueles que desde sempre se preparam para tão auspicioso evento.

Quiroga

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Oposto do amor


Nada é seguro


A vida não é um processo mecânico; não pode ser predeterminada. Ela é um mistério imprevisível.

Ninguém sabe o que acontecerá em seguida. Nem Deus, que você acha que mora em algum lugar no sétimo céu; nem mesmo ele — se estiver lá —, nem ele sabe o que vai acontecer!... porque, se ele sabe o que vai acontecer, então a vida é só tapeação, tudo é escrito de antemão, é determinado de antemão. 

Como ele pode saber o que vai acontecer se o futuro está em aberto? Se Deus sabe o que vai acontecer daqui a pouco, então a vida é só um processo mecânico, morto. Então não existe liberdade, e como pode existir vida sem liberdade? Então não há possibilidade de crescer ou não crescer. Se tudo é predestinado, não existe glória nem grandeza. Você é apenas um robô. 

Não, nada é seguro. Essa é a minha mensagem. Nada pode ser seguro, porque uma vida segura seria pior do que a morte.

Nada é certo. A vida é cheia de incertezas, cheia de surpresas — é aí que está a beleza dela!

Você nunca chegará ao ponto em que poderá dizer, "Agora estou certo disso". Quando disser que está certo de alguma coisa, estará simplesmente declarando a própria morte; terá se suicidado. 

Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"


Leia mais: http://www.palavrasdeosho.com/2013/07/nada-e-seguro.html#ixzz2Z8z0U5rw

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Decadência



Nada é o que parece, quantas vezes a frase terá de ser repetida até cair a ficha? Quantos caminhos um ser humano precisa percorrer, diz a música, até conseguir que seus semelhantes o considerem humano? Na ânsia pelo poder, motivados por pura vaidade intelectual, que os faz considerar que suas teorias, apesar de refutadas pela prática, são melhores e maiores do que todas as outras, certos humanos não veem obstáculo moral em tratar as pessoas como objetos, como massa de manobra, chamando-os de classe média, ou pobres, ou ricos, ou tais e tais e tais. 
Os humanos podem até parecer objetos de vez em quando, mas não são. 
Todos os humanos, sem distinção, comungam nos mesmos problemas e nos mesmos dramas; a paixão da Cleópatra e da Benedita é a mesma, a tragédia de Hamlet e a de João também. 
Achar-se no topo do mundo é o princípio da decadência.

Quiroga

Votos



Um dia, lá no passado distante, lá onde sua consciência se originou, além do ventre de sua mãe, antes de começar a respirar, lá no passado distante, longe da memória normal, você fez alguns votos e esses votos trouxeram você à existência.

Você, como toda nossa humanidade, molhou os pés no rio Amneris ao nascer, e se esqueceu desses votos, mas os votos não se esqueceram de você, lhe enviam mensagens através de sinais, para que você os recupere e os torne as estrelas que orientem seus passos na direção desse algo elusivo que chamamos felicidade.

Valerá a pena gastar um pouco de tempo tentando atualizar esses votos na consciência, descartando os desejos que se interpõem nessa busca de atualização, já que ninguém é convocado à existência para aqui comprar uma casa nova, um carro potente ou pagar contas e fazer gastos. 
Isso não merece o esforço cósmico de uma existência.
Existências ocorrem como fatos decorrentes de uma enorme convergência de vida, que pretende manifestar, enquanto as respirações durarem, parte de seu plano.

Seus votos são essa parte do plano, o compromisso de manifestar através de sua presença o que for de sua competência.

Uma vez aqui, levando uma vida normal, o tempo acaba sendo gasto perifericamente, mas em momentos como o atual, de forma misteriosa ou declarada, algo relembra a qualidade dos votos.

Uma vez percebido isso, só restará sustentar os votos da melhor forma possível e ao longo de todo o tempo, até lançar o último suspiro.

Quiroga


Tradição é também uma traição



Jesus nasceu judeu: os judeus não o aceitaram. Buda nasceu hindu: os hindus não o aceitaram. E assim que sempre foi. Por quê? Porque sempre que um homem como Jesus ou Buda nasce, ele é tanta rebelião que tudo que está estabelecido é abalado.

Um homem comum vive no passado - e para o homem comum o passado é mais importante, porque o passado já está estabelecido, enraizado. Ele tem muita coisa do passado em jogo, tem muito investimento no passado. Por exemplo, se de repente vou até você e lhe digo que o modo como você está rezando é errado, e você esteve rezando desse modo por cinquenta anos - agora há muito em jogo. Acreditar em mim será acreditar que seus cinquenta anos foram inúteis. Acreditar em mim será desacreditar cinquenta anos da sua vida; acreditar em mim será acreditar que você esteve sendo um tolo durante cinquenta anos. Isso é demais! Você lutará, você se defenderá.

E quando se trata de toda uma raça... Por milhares de anos aquele povo esteve fazendo certas coisas e, então, vem um Jesus e bota tudo de cabeça para baixo! Tudo vira um caos novamente. Ele dissolve tudo que estava estabelecido, arranca tudo o que se pensava ser muito significativo, cria uma confusão. Mas ele não podia deixar de fazê-lo, porque ele trazia agora a coisa certa. Mas durante séculos você esteve acreditando que outra coisa era o certo. O que escolher — Jesus ou seu longo passado? O que escolher — Jesus ou a tradição?

Você sabe de onde vem a palavra “tradição”? Ela vem da mesma raiz que a palavra inglesa trade (comércio). Ela também vem da mesma raiz que a palavra traitor (traidor). A tradição é uma marca, é um negócio - e a tradição também é uma traição.

A tradição crê em certas coisas que não são verdadeiras — a tradição é uma traidora da verdade. Assim, sempre que chega a verdade, há conflito.

Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"

Lição de vida


O dia mais belo: hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
O maior erro: o abandono
A raiz de todos os males: o egoísmo
A distração mais bela: o trabalho
A pior derrota: o desânimo
Os melhores professores: as crianças
A primeira necessidade: comunicar-se
O que traz felicidade: ser útil aos demais
O pior defeito: o mau humor
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior sentimento: o rancor
O presente mais belo: o perdão
o mais imprescindível: o lar
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
A maior proteção efetiva: o sorriso
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais potente do mundo: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: O AMOR!!!

Madre Tereza de Calcutá

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O medo da liberdade



Olhe uma rosa: ela é bela, mas não existe liberdade alguma de florescer ou não florescer. Não existe problema, não existe escolha. A flor não pode dizer, "Eu não quero florescer", ou "Eu me recuso". Ela nada tem a dizer, nenhuma liberdade. É por isso que a natureza é tão silenciosa (...).

Com o surgimento do homem, pela primeira vez aparece a liberdade. O homem tem a liberdade de ser ou não ser. Por outro lado, surge a angústia, o medo de que ele possa ou não ser capaz, medo do que vai acontecer. Existe um tremor profundo. Todo momento é um momento em suspense. Nada é seguro ou certo, nada é previsível com o homem: tudo é imprevisível. 

Nós conversamos a respeito da liberdade, mas ninguém gosta de liberdade. Nós falamos sobre liberdade, mas criamos escravidão. Toda liberdade nossa é apenas uma troca de escravidão. Nós seguimos mudando de uma escravidão para outra, de um cativeiro para outro.

Ninguém gosta de liberdade porque liberdade cria medo. Com a liberdade você tem que decidir e escolher. Nós preferimos pedir a alguém ou a alguma coisa para nos dizer o que fazer – à sociedade, ao guru, às escrituras, à tradição, aos pais. Alguém deve nos dizer o que fazer: alguém deve mostrar o caminho, para que possamos seguir – mas nós não conseguimos nos mover por nós mesmos. A liberdade existe, mas existe o medo.

É por isso que existem tantas religiões. Não é por causa de Jesus, de Buda ou de Krishna. É por causa de um enraizado medo da liberdade. Você não consegue ser simplesmente um homem. Você tem que ser um hindu, um muçulmano ou um cristão. Apenas por ser um cristão, você perde a sua liberdade; sendo um hindu, você não é mais um homem – porque agora você diz, "eu seguirei uma tradição. Eu não vou caminhar no inexplorado, no desconhecido. Eu seguirei num caminho bem marcado com pegadas. Eu caminharei atrás de alguém; eu não seguirei sozinho. Eu sou um hindu, assim eu seguirei com uma multidão; eu não caminharei como um indivíduo. Se eu me mover como um indivíduo, sozinho, haverá liberdade. Então, a todo momento eu terei que decidir, eu terei que gerar a mim mesmo, a todo momento estarei criando a minha alma. E ninguém mais será responsável: somente eu serei o responsável final."

Nietzche disse ‘Deus está morto e o homem está totalmente livre.’ Se Deus está realmente morto, então o homem está totalmente livre. E o homem não tem tanto medo da morte de Deus: ele tem muito mais medo da sua liberdade. Se existe um Deus, então tudo está bem. Se não existe Deus, então você foi deixado totalmente livre – condenado a ser livre. Agora faça o que você gosta e sofra as consequências, e ninguém mais será responsável, só você. 

Erich Fromm escreveu um livro chamado "O Medo da Liberdade". Você se apaixona e começa a pensar em casamento. O amor é uma liberdade; o casamento é uma escravidão. Mas é difícil encontrar uma pessoa que se apaixona e não pense imediatamente em casamento. Existe o medo porque o amor é uma liberdade. O casamento é uma coisa segura; nele não existe medo. O casamento é uma instituição – morta; o amor é um evento – vivo. Ele se move; ele pode mudar. O casamento nunca se move, nunca muda. Por causa disso o casamento tem uma certeza, uma segurança.

O amor não tem certeza nem segurança. O amor é inseguro. A qualquer momento ele pode sumir de vista da mesma forma como apareceu do nada. A qualquer momento ele pode desaparecer! Ele é muito sobrenatural; ele não tem raízes na terra. Ele é imprevisível. Por isso, "é melhor casar. Assim, fincamos raízes. Agora esse casamento não vai evaporar no nada. Ele é uma instituição!" 

Em toda situação – exatamente como no amor –, quando encontramos liberdade, nós a transformamos em escravidão. E quanto mais cedo melhor! Assim nós podemos relaxar. Por isso, toda história de amor termina em casamento. "Eles se casaram e viveram felizes para sempre."

Ninguém está feliz, mas é bom terminar a história ali porque em seguida vai começar o inferno. Por isso toda história termina no momento mais bonito. E qual é esse momento? É quando a liberdade se torna escravidão! E isso não é apenas com o amor: isso é com tudo. Assim o casamento é uma coisa feia; é provável que venha a ser. Toda instituição tende a ser uma coisa feia porque ela é apenas um corpo morto de algo que um dia foi vivo. Mas com uma coisa viva, a incerteza provavelmente estará presente.

"Vivo" quer dizer que pode mover, pode mudar, pode ser diferente. Eu amo você; no próximo momento eu posso não amar. Mas se eu sou o seu marido, ou sua esposa, você pode ter a certeza de que no próximo momento eu também serei seu marido, ou sua esposa. Isso é uma instituição. Coisas mortas são muito permanentes; coisas vivas são momentâneas, mutáveis, estão num fluxo.

O homem tem medo de liberdade, mas a liberdade é a única coisa que faz de você um homem. Assim, nós somos suicidas – ao destruir nossa liberdade. E com essa destruição nós estamos destruindo toda nossa possibilidade de ser. Então você acha que ter é bom porque ter significa acumular coisas mortas. Você pode continuar acumulando; não existe um fim para isso. E quanto mais acumula, mais seguro você fica. 

Eu digo que agora o homem tem que caminhar conscientemente. Com isso eu quero dizer que você tem que estarconsciente de sua liberdade e também consciente de seu medo da liberdade. 

Como usar essa liberdade? A religião nada mais é do que um esforço no sentido da evolução consciente, em saber como usar essa liberdade. O esforço de sua vontade agora é significativo. Qualquer coisa que você esteja fazendo não voluntariamente é apenas parte do passado na escala da evolução. O seu futuro depende de seus atos com vontade. Um ato muito simples feito com consciência, com vontade, dá a você um certo crescimento – ainda que seja um ato comum.

Por exemplo, você resolve jejuar, mas não porque você não tem comida. Você tem comida; você pode comê-la. Você tem fome; você pode comer. Você resolve jejuar: isso é um ato voluntário – um ato consciente. Nenhum animal pode fazer isso. Um animal jejua algumas vezes, quando não existe fome. Um animal terá que jejuar quando não existir alimento. Mas somente o homem pode jejuar quando existe ambos: a fome e o alimento. Isso é um ato voluntário. Você usa a sua liberdade. A fome não consegue incitar você. A fome não consegue empurrar você e o alimento não consegue puxar você.

Esse jejum é um ato de sua vontade, um ato consciente. Isso dará a você mais consciência. Você sentirá uma liberdade sutil: livre do alimento, livre da fome – na verdade, no fundo, livre do seu corpo, e ainda mais fundo, livre da natureza. A sua liberdade cresce e a sua consciência cresce. 

Na medida que sua consciência cresce, a sua liberdade cresce. Elas são correlacionadas. Seja mais livre e você será mais consciente; seja mais consciente e você será mais livre.

Osho, em "The Ultimate Alchemy"

Auto-sabotagem


- Homem abandona família, mas foi exatamente isso que ele prometeu não fazer, pois seu pai havia feito a mesma coisa e ele sabia o quanto era dolorido para todos.

- Mulher troca de namorado pois foi traída muitas vezes, mas cada vez arruma outro igualzinho o anterior, com os mesmos defeitos.

-Homem tem um chefe difícil de agradar, mas não é que esse chefe é igualzinho ao seu pai?

Coincidência ou auto-sabotagem? São comportamentos repetitivos. Auto sabotagem é a tendência a repetir atitudes destrutivas.

Comportamento repetitivo

Nossa vida é feita de comportamentos repetitivos, por exemplo, você escova os dentes todos os dias, mas se alguém lhe perguntar quantas vezes escovou hoje talvez você tenha que pensar se escovou mesmo.

Lembra-se de ter fechado a porta hoje? Não? Porque não lembra? Porque esse é um comportamento repetitivo. É automático.

Estes comportamentos são inofensivos, mas temos observar os comportamentos repetitivos que nos destroem pois não os percebemos da mesma forma que não percebemos se fechamos a porta.

Observe o exemplo da mulher que só arruma namorado que a trai. Será que 100% dos homens traem, ou 100% dos homens que ela coloca na vida dela a traem. Porque ela faz isso? Ela QUER ter homens traindo-a? Claro que não, pois o sofrimento é insuportável. Então porque ela faz isso? Resposta: Auto sabotagem.

Como nos auto sabotamos?

Nós nos automatizamos. Quando trocamos a marcha do carro não pensamos: “Agora está na hora de pisar na embreagem e trocar de segunda para terceira”? Não, nós simplesmente trocamos. Porque? Porque aprendemos a automatizar comportamentos. O problema é quando automatizamos coisas que nos fazem mal. O problema é quando explodimos e depois vemos que estamos acabando com nossos relacionamentos por explodir tanto. “Mas eu não consigo parar de explodir. Porque faço isso?” Porque você se auto-boicota. Você se auto-sabota. Destrói a própria vida e não percebe a sua responsabilidade nisso tudo.

Algumas repetições destroem a vida da pessoa e deixam esta pessoa muito frustrada.

Ex: Você já comeu meio ovo de páscoa, nem está mais gostando de comer tanto chocolate, mas continua até se empanturrar e se arrepender de ter comido tanto. Isso é auto-sabotagem.

Veja o exemplo do homem que trai sua esposa com pessoas que nem são tão importantes assim para ele. Mas ele continua nesses relacionamentos mesmo sabendo do risco de acabar seu casamento, e acabar por nada, por alguém que significa muito pouco. Porque ele continua nesse ciclo vicioso? Porque ele faz coisas que destroem a própria vida?

Porque a mulher que tinha um namorado agressivo, troca de namorado e arruma outro também é agressivo? Mas que coincidência seu pai era agressivo? Será coincidência?

Repetimos padrões da infância mesmo que esses padrões estejam prejudicando nossa vida.

Como mudar?

Conscientizar-se sobre o ciclo da repetição é o primeiro passo para você superá-lo.

Perceber que você está trocando de mulher, mas toda vez está com o mesmo tipo de mulher que não te agrada.

Perceber que troca de namorado , mas está sempre com a mesmo tipo de pessoa sem atitude (que por coincidência é seu pai escrito).

É o comerciante que está sempre arriscando um novo negócio, que nunca dá certo, mas quando vai ver lá está ele de novo fazendo a mesma coisa.

Sabe aquele amigo que vive te pedindo dinheiro emprestado e nunca devolve, você continua emprestando? Porque você faz isso? Por pura auto sabotagem.

Sabe aqueles finais de semana inteiros que você passa no sofá? No domingo à noite está morto de arrependimento por não ter feito nada que preste. Promete que no próximo fim de semana vai ser diferente, mas no próximo faz tudo igual. Porque ? Auto sabotagem!

São vidas infernizadas pela compulsão da repetição. Uma necessidade inconsciente de repetir um comportamento mesmo que destrua a felicidade ou a vida de alguém.

A pessoa que não consegue administrar seu tempo, que sabe que sabe fazer as coisas mas, simplesmente não consegue colocar a vida em ordem. Olhe bem e você vai ver que essa pessoa teve um pai que cobrava e cobrava, que queria que ela fosse a mais competente do mundo. Ou seja, essa pessoa continua brigando com o pai, que talvez esteja até morto hoje. Como esse pai vai influenciar lá do tumulo? Acredite em mim, ele influencia. Quem influencia não é o pai, mas a figura internalizada do pai.

Você pode estar se perguntando: Mas é possível que uma hora a pessoa consiga se dar conta disso e reconhecer esse ciclo de repetições? É possível romper esse ciclo? A resposta é SIM, mas concordo que não é fácil. Pois se a pessoa passou uma vida construindo uma percepção equivocada terá medo de mudar, de contestar o que sempre foi uma "lei".

Tenho como exemplo uma paciente que ficou totalmente desestruturada depois que assistiu na TV toda a reportagem da queda do avião. Ela não costuma viajar de avião, não conhecia ninguém daquele avião, e nem as pessoas de seu convívio costumam viajar de avião. Mas porque então ela ficou tão chocada, abalada, sem sequer conseguir sair de casa depois daquela noticia? O entendimento disso veio quando na terapia ela percebeu que esse mesmo sentimento de terror lhe aparecia quando tinha sido abusada sexualmente na infância. Era o mesmo desespero, o mesmo desamparo. Não era à toa que a queda do avião tinha mexido tanto com ela. É o mesmo ciclo de repetição que agora funciona como auto sabotagem.

As pessoas enterram as situações traumáticas de suas vidas, mas não significa que elas estejam mortas. Elas continuam como se fosse uma marca indelével. Essa moça já foi uma criança indefesa se sentindo frágil, mas agora mesmo adulta continua emocionalmente frágil, carregando dentro de si essa menina assustada. Ela não sabia por que, não sabia explicar. As crianças não conseguem controlar suas vidas, e ela se sentia ainda hoje como se não pudesse controlar sua vida.

É por isso que é muito difícil identificar esse conteúdo interno, porque a pessoa passa anos tentando ocultar isso tudo, não só dos outros, mas ocultando de si mesma. Mas se este conteúdo está escondido saiba que é por uma boa razão, a auto defesa. Por isso é preciso muita responsabilidade da pessoa que vai desenterrar tudo isso -o psicologo a quem você confiou sua "cabeça". Veja bem pra quem você está entregando a sua história de vida, com que você vai fazer terapia e que tipo de psicoterapia vai fazer.

Identificar quais são os entraves de sua mente é só uma parte do processo. A parte mais importante e que vai realizar mudanças em seu comportamento é quando você desenvolve uma nova forma de ver o mundo. E o psicólogo é a pessoa que o ajuda neste processo. Para lhe ensinar estratégias que promoverão as mudanças que você quer em sua vida.

Antigamente o psicólogo era daquele tipo que aparece nos filmes mal feitos e novelas da TV. Ficavam calados só te ouvindo sem dividir com o paciente o que lhe passa na cabeça. Hoje tanto a Terapia Cognitiva Comportamental como a psicanálise mudaram a forma de terapia. O psicólogo é muito mais participativo. Ele vive junto com o paciente as transformações de cada um, pode até dar exercícios para serem feitos em casa.

O que a pessoa que está se autossabotando precisa e procura é um novo modo de lidar consigo mesmo e com o mundo.

Por exemplo, o caso da garota que se reprime e não consegue frequentar academia, por mais que ela queira fazer sua ginástica, emagrecer, ficar com o corpo bonito, ela pensa que se for para a tal academia as pessoas vão olhar para as suas roupas, vão cochichar entre elas e dizer que ela está ridícula, vão rir dela, e no fim ela não vai conseguir fazer nenhum amigo porque todos já estarão enturmados, e ela se sente um peixe fora d’água.

E você? Você está repetindo um ciclo vicioso? Isso é auto sabotagem. Você quer e precisa fazer academia, mas não faz? Porque sua cabeça está ocupada demais preocupada com o que vão pensar de você. Essa preocupação se torna mais importante do que você cuidar do seu corpo. É justo? Não. Absolutamente não.

Porque essas pessoas se sabotam tanto?

Talvez elas tenham vivido uma infância inteira se sentindo inadequadas. Talvez tenha havido pessoas fazendo-as se sentirem sem direitos, sem direito de se expressar ou de simplesmente fazer parte da vida. E assim ninguém nunca as viu como pessoas interessantes. E é assim que elas se sentem. As mosquinhas do cavalo do bandido.

Por conta desse sentimento que recebo muitos pacientes me contando, por exemplo, do marido agressivo. Ela passa uma vida toda, semana após semana sendo agredida por ele. Mulheres que tem toda condição financeira de manter-se sozinhas, mas não tem condição emocional para ficarem sozinhas, então vivem com o inimigo num processo de total auto sabotagem . Porque ela repete isso? Com certeza teve em sua vida alguém significativo que a ensinou a agüentar agressões, a suportar quieta essa pessoa a fez acreditar que ela não é ninguém, que ela só vai conseguir uma migalha de amor, e pra conseguir essa migalha de amor, ela precisa suportar o que quer que seja. Então ela passa a vida suportando agressões, e até procura , inconscientemente claro, pessoas que a agridam, para manter o esquema. Tudo isso só porque ela acreditou que essa é a única forma de receber um mínimo de amor.

Como funciona a terapia nos casos de autosabotagem?

O primeiro passo é perceber que a auto sabotagem não precisa continuar. Você pode mudar esses esquemas e acabar com auto-sabotagem. A Terapia Cognitiva Comportamental ensina estratégias pra que você supere isso. Existe até lição de casa pra você praticar um novo modo de funcionar. A psicanálise lhe ajuda a rever suas vivências de refazer aprendizados.

Porque as pessoas se auto-sabotam desse jeito? As pessoas fazem isso porque existe uma compulsão a repetição. Internamente acreditam que essa repetição é a única forma de viver razoavelmente bem. Mas não é . É por isso que ela precisa de um olhar de um profissional treinado. Alguém que veja sua estória com clareza.

As pessoas resistem em fazer terapia porque acreditam que não há chance dela sair dessa. Crêem não haver esperança pra esse sofrimento. Mas há sim. Deixar de se tratar e continuar nesse sofrimento é ser covarde pra encarar a mudança.

Pense bem, se você tem a oportunidade de fazer mudanças em sua vida para que arrumar desculpas como: não tenho tempo... não tenho dinheiro...? Daqui a pouco está comprando o ultimo modelo de celular, está comprando mais roupas do que cabe no guarda roupa, está gastando com restaurantes, mas pra se cuidar não tem dinheiro? Pra mudar seus padrões de pensamento e comportamento que estão destruindo sua vida você não disponibiliza nenhum recurso.

Para entender como a repetição de comportamentos, ou seja a auto-sabotagem, começa vamos lembrar daquela menina que usava os sapatos da mãe - quando cresce é claro que vai ter o mesmo estilo de se vestir da mãe.

O garoto que passou todas as férias da sua infância indo para a uma certa praia. Quando cresce vai levar sua nova família para a mesma praia (par o desespero desta família).

Essa pessoa não tem espaço para mudanças, e nem para imaginação.

Porque as pessoas repetem e repetem as mesmas coisas?

Porque elas aprenderam que essa era a coisa certa a fazer. Talvez sua família tenha zombado das pessoas que faziam as coisas de forma diferente, e assim a criança aprende que só uma forma de fazer as coisas, que será da forma que sua família fazia. Os pais são alcoólatras e a casa é uma bagunça, então a criança acredita que é assim que as casas são.

Só quando a criança cresce e observa outros estilos de vida é que pode perceber que o estilo da sua não é o único nem o melhor. Mas mesmo assim muitos não mudam. Por quê? Por que a família já ensinou que ele só vai receber amor e atenção se ele continuar a repetir o que sua família impôs. É como se dissessem “só vou gostar de você se você for igual a mim”. Mesmo que não digam em palavras.

A tragédia acontece quando a pessoa topa e passa a repetir o que os pais fizeram, sempre tentando alcançar o amor e a aceitação.

Muitas vezes as pessoas vêm para terapia porque estão com dificuldades em seus casamentos, dificuldades no trabalho, dificuldades em relacionamentos sociais, e nem percebem qual foi o inicio disso tudo.

O que acontece é uma imensa confusão interior.

Essas são aquelas pessoas que casam com alcoólatras depois de terem sofrido anos com pais alcoólatras. Não entendem como entram em uma fria atrás da outra, não entendem como continuam a comprar o que não precisam e não podem pagar. Tudo isso tem um nome - auto sabotagem. E você só sai dela quando entende a sua dinâmica interna e mudar essa dinâmica.

Autor desconhecido

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O rebelde tem de aprender uma nova arte


A vida dele é perigosa - mas uma vida sem perigo não é vida. Ele aceita o desafio do desconhecido. Ele não encontra o desconhecido que vem do futuro preparado pelo passado. Isso cria a angústia da humanidade; o passado lhe prepara, e o futuro nunca vai ser o passado. O seu ontem nunca será o seu amanhã.

Mas até agora é assim que o homem tem vivido: seus ontens o preparam para os seus amanhãs. A própria preparação se torna um obstáculo. Você não consegue respirar livremente, não consegue dançar livremente - o passado o podou de todas as maneiras. A carga do passado é tão pesada que todas as pessoas estão esmagadas sob ela.

O rebelde simplesmente diz adeus ao passado.

É um processo constante; assim, ser um rebelde significa estar continuamente em rebeldia - pois cada momento se tornará o passado; todos os dias se tornarão o passado.

Não é que o passado já esteja na cova - você está passando por ele a cada momento.

Assim, o rebelde tem de aprender uma nova arte: a arte de morrer para cada momento que passar, para que ele possa viver livremente no novo momento que chegou.

Osho, em "Rebeldia: Uma Qualidade Essencial"