No livro "A Mente Moralista" (The Righteous Mind), o psicólogo social Jonathan Haidt utiliza a metáfora do "elefante e o condutor" para explicar como nossa mente funciona no contexto de moralidade e tomada de decisões. Nessa metáfora, o elefante representa as emoções, intuições e impulsos automáticos que nos guiam.
O condutor representa a razão e a lógica, que tentam justificar ou direcionar as ações do elefante.
O ponto principal de Haidt é que, na maior parte do tempo, o elefante (emoções/intuições) está no controle, enquanto o condutor (razão) trabalha principalmente para racionalizar as decisões que o elefante já tomou. A metáfora enfatiza que somos, fundamentalmente, seres emocionais que usam a razão para justificar nossas escolhas intuitivas, e não o contrário.
Se você se refere ao "elefante" como algo que nos controla, ele pode ser entendido como esse conjunto de intuições morais, moldadas por nossa evolução e cultura. Esses instintos muitas vezes passam despercebidos, mas têm um papel poderoso em guiar nossas escolhas, crenças e julgamentos.
No Brasil polarizado entre esquerda e direita, com figuras como Lula e Bolsonaro representando lados opostos do espectro político, a metáfora do elefante e o condutor ajuda a explicar como as pessoas lidam com questões políticas e morais.
O Elefante (emoções e intuições)
O elefante é influenciado por emoções fortes, como raiva, medo, orgulho ou lealdade ao grupo. No contexto político brasileiro:Um eleitor de Bolsonaro pode sentir raiva em relação à corrupção associada ao PT ou medo de uma "ameaça comunista".
Um eleitor de Lula pode ser movido pelo orgulho de políticas sociais do passado ou pelo desprezo ao que vê como autoritarismo ou preconceito da direita.
Essas emoções são rápidas, instintivas e moldam as reações iniciais das pessoas a eventos, discursos ou políticas. Por exemplo, uma manchete sobre corrupção de qualquer lado pode ser imediatamente rejeitada ou aceita com base na identidade política, antes mesmo de uma análise mais racional.
O Condutor (razão)
O condutor, nesse cenário, muitas vezes funciona como um advogado, justificando as escolhas do elefante:Um bolsonarista pode racionalizar atitudes autoritárias como "necessárias para combater o crime e o comunismo".
Um lulista pode justificar erros do PT como "sacrifícios necessários para promover justiça social".
Ambos os lados tendem a buscar argumentos que fortaleçam suas crenças prévias, em vez de avaliar os fatos de forma objetiva.
Polarização: Elefantes em Conflito
A polarização ocorre porque os elefantes de ambos os lados estão profundamente enraizados em identidades de grupo. A moralidade, como Haidt sugere, não é apenas sobre o que é certo ou errado, mas sobre pertencer a um grupo:Conservadores (bolsonaristas) valorizam mais lealdade ao grupo, autoridade e pureza (moral sexual, religiosa).
Progressistas (lulistas) enfatizam mais cuidado e justiça (igualdade social, proteção de minorias).
Essas prioridades morais diferentes fazem com que cada lado veja o outro como moralmente inferior e não apenas "equivocado".
O "Elefante" que nos controla
O "elefante" nesse contexto é a polarização emocional, alimentada por redes sociais, manchetes sensacionalistas e discursos inflamados. Essa polarização impede o diálogo racional, pois ambos os lados se tornam defensivos e impermeáveis a argumentos.Uma fake news, por exemplo, age como um estímulo direto ao elefante, gerando indignação instantânea.
O condutor então racionaliza essa indignação, reforçando a crença de que "o outro lado é o problema".
Como quebrar o ciclo?
Para superar esse controle emocional, Haidt sugere:
1-Entender o outro lado: Reconhecer que os valores do outro grupo também têm mérito, mesmo que não concordemos.
2-Criar espaços de diálogo: Promover interações que reduzam o antagonismo e enfatizem interesses comuns.
3-Desacelerar o elefante: Refletir sobre nossas reações emocionais antes de racionalizá-las automaticamente.
No Brasil, isso pode significar buscar narrativas que unam os valores de cuidado e justiça (esquerda) com os de ordem e comunidade (direita), superando a visão maniqueísta de "nós contra eles".
2-Criar espaços de diálogo: Promover interações que reduzam o antagonismo e enfatizem interesses comuns.
3-Desacelerar o elefante: Refletir sobre nossas reações emocionais antes de racionalizá-las automaticamente.
No Brasil, isso pode significar buscar narrativas que unam os valores de cuidado e justiça (esquerda) com os de ordem e comunidade (direita), superando a visão maniqueísta de "nós contra eles".
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