quinta-feira, 31 de maio de 2012
Energia
Você não precisa de bebidas energéticas, nem antidepressivos ou vitaminas para acompanhar o constante fluxo de atividades cósmicas, você pode simplesmente iniciar uma atividade por obra e graça de sua força de vontade e apreciar o quanto a energia que parecia faltar começa a circular através de sua presença.
O desânimo e a aparente sensação de falta de energia se resume a uma preguiça dos diabos que se voltou contra a pessoa que a experimenta com tanto assanhamento que convence a alma de não haver energia suficiente para fazer nada.
Há energia, mas essa só poderá ser percebida através da própria ação que pareceria impossível de realizar por falta dessa energia.
Deu para entender ou precisa de um desenho?
Repito, a energia se encontra disponível, mas não virá em primeiro lugar a animar você para só então você entrar em ação, não! Você vai ter de entrar em ação como resultado de aplicar sua força de vontade e será esta atitude a que abrirá a torneira da energia que até então parecia fadada a ficar desaparecida.
Nada de narcóticos nem energizantes, você precisa apenas de sua força de vontade para vincular sua presença à inesgotável energia de ação que é do mundo divino na sua constante força de manifestação.
Quiroga
sábado, 26 de maio de 2012
Felicidade de ser
O bem-estar e felicidade que todos almejamos se resume a sermos quem realmente somos e nada além nem aquém.
Afirmá-lo, porém, é mais fácil do que praticá-lo, pois, quem pode se arrogar o direito de dizer que sabe quem realmente é?
Desconhecemos quem realmente somos, não por falta de informação, mas por excesso dessas.
Sim, porque pensamos que somos o produto de nossa educação, das tradições familiares, do país em que nascemos, que somos também produto da influência do meio ambiente e dos traumas da infância, também pensamos que somos um corpo, ou uma alma aprisionada num corpo, enfim, somos muitos numa só experiência existencial.
Desconhecemos quem realmente somos, contudo, se mantém a afirmação essencial, só seremos felizes quando reconheçamos nosso verdadeiro ser e nunca mais o abandonarmos desnutrido.
Quiroga
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Desejos e Realizações
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Entregue-se ao que é - III Sutra - Destrua o desejo do conforto
O desejo de felicidade.
Destrua-o.
Isso parece muito melancólico, triste, negativo. Não é. Quanto mais você desejar conforto, mais desconforto estará criando para si mesmo, porque o desconforto é proporcional ao desejo de conforto.
Quanto mais você procurar felicidade, tanto mais sofrerá. O sofrimento é uma sombra. Quanto maior o desejo de felicidade, maior será a sua sombra. Procure a felicidade e você nunca a obterá. Somente sentirá frustração. Por que? Porque há apenas um modo de ser feliz, que é ser feliz aqui, agora. A felicidade não é um resultado. É um modo de vida.
A felicidade não é o resultado final do desejo. É uma atitude, não um desejo. Você pode ser feliz aqui e agora se souber como ser feliz, mas você nunca será feliz se não souber como ser feliz e continuar desejando a ser feliz. A felicidade é uma arte. É um modo de vida.
Neste exato momento, se você puder permanecer calado e consciente da vida ao seu redor e no seu interior, você será feliz. Os pássaros estão cantando, o vento está soprando. As árvores estão felizes, o céu está feliz, todas as coisas existentes estão felizes, exceto você. A existência é felicidade, é uma celebração eterna, uma festividade. Olhe para a existência! Cada árvore está em festa, cada pássaro está em festa. Exceto o homem, tudo está em festa. Toda a existência é um festival, um constante e contínuo festival. Nenhuma tristeza, nenhuma morte, nenhuma miséria existe em lugar nenhum, a não ser na mente humana. Algo está errado com a mente humana, não com a existência. Algo está errado com você, não com a situação.
Por que o homem é infeliz? Nenhum animal é tão infeliz, nenhum pássaro é tão infeliz, nenhum peixe é tão infeliz quanto o homem. Por que o homem é tão infeliz? Porque o homem deseja a felicidade, mas os pássaros estão felizes neste exato momento; as árvores estão felizes neste exato momento. O homem deseja a felicidade; ele nunca está feliz aqui e agora. Ele sempre deseja a felicidade e continua a perdê-la. A felicidade está aqui. Ela está acontecendo ao seu redor. Permita que ela entre em você.
Faça parte da existência. Não se mova para o futuro. A existência nunca se move para o futuro; apenas a mente se move.
É a isso que chamo meditação: estar aqui, sem se mover para o futuro. Não seja ambicioso, destrua todo desejo pela vida, não deseje a felicidade, e então você será feliz e ninguém poderá destruir a sua felicidade. Ser-lhe-á impossível ser infeliz. Então você será imortal e a vida eterna terá acontecido. Na verdade, ela já aconteceu, mas você não está consciente dela. Então você estará realizado. Sem ambição, você estará realizado.
Você é único. Tudo, toda experiência máxima que é possível a alguém também é possível a você; mas acontecerá de um modo único. Aconteceu a Buda, a Jesus, a Zaratustra, e acontecerá a você também. Mas nunca acontece do mesmo modo. Não acontecerá a você do mesmo modo que aconteceu a Buda. Não lhe acontecerá assim como aconteceu a Jesus. Acontecerá a você de um modo único, individual. Quando acontecer a você, será absolutamente nova. A essência da experiência será a mesma - a mesma bem-aventurança, o mesmo silêncio, a mesma iluminação - mas na periferia tudo será diferente.
Portanto, não imite ninguém. Isso faz parte da ambição. Não imite Buda, não imite Jesus. Tente ser você mesmo. Ou melhor: seja você mesmo, pois tentar ainda é fútil. Quando você é você mesmo, está aberto a todas as responsabilidades. Quando você é você mesmo, toda a existência começa a ajudá-lo. Você não briga com ela.
Quando você não está em luta... É isso o que significa confiar. Quando você não está em luta, a existência acontece a você. Se você está lutando com a existência, está simplesmente se destruindo, destruindo suas possibilidades, sua energia, sua vida, sua existência. Não lute! Entregue-se à existência. Aceite a si mesmo, do modo que o todo quer que você seja; não tente ser outra coisa, e a iluminação pode acontecer a qualquer momento. Pode acontecer neste exato momento; não é preciso esperar.
Osho -
A nova alquimia
Entregue-se ao que é - II Sutra - Destrua o desejo pela vida
Destrua o desejo pela vida. As leis da vida são muito paradoxais. Se você desejar a vida, a perderá. Esse é o caminho mais seguro para perdê-la. Se você desejar a vida, a perderá; mas se você não a desejar, vida abundante acontecerá a você.
Através do desejo você se move contra a vida. Parece paradoxal, e é. Essa lei paradoxal precisa ser profundamente entendida.
Por que é que quando você deseja a vida, você a perde? Por quê? Não deveria ser assim. Logicamente, matematicamente, não deveria ser assim. Se alguém deseja a vida, por que a perderia? O mecanismo é tal que, ao desejar, você se moveu novamente para o futuro. E a vida está aqui! A vida já existe – como você pode desejá-la? Apenas aquilo que não existe pode ser desejado. Mas a vida é. Como você pode desejá-la? Ela já é; já está acontecendo. Você é vida.
Se você desejar a vida, a perderá. Através do desejo, você se distancia da vida. Todo desejo a leva cada vez mais longe. Por isso há tanta insistência na ausência de desejo. Isso não significa que Buda ou todos aqueles que falam sobre a ausência de desejo estejam contra a vida. Ao contrário, eles são, de fato, a favor da vida. Mas dizem: “Não deseje” – e isso nos soa como se eles fossem contra a vida, como se fossem negadores da vida. Eles não o são.
Através do desejo, estamos perdendo a vida. É por isso que Buda diz: “Não deseje.” Que acontece se você não deseja? A vida acontece a você. Ela já está acontecendo, mas você não pode olhar para ela porque seus olhos estão fixados no futuro. Você está em outro lugar; sua mente não está aqui. A vida está aqui e você não está aqui; portanto, o encontro torna-se impossível. Então, você ansiará pela vida, a desejará, mas continuará a perdê-la.
Permita que a vida aconteça a você. Como isso pode ser feito? Estando atento ao que se passa aqui. Não tendo desejos de estar em outro lugar.
No momento em que você começa a desejar a vida, torna-se temeroso da morte. Isso é inevitável, porque o desejo pela vida cria o medo da morte. Não existe nenhuma morte. Na verdade, nada morre; nada pode morrer. É impossível. A morte nunca acontece; a morte não existe. Então por que sentimos tanto a morte e a tememos tanto? Por que tememos algo que não existe?
Tememos a morte devido ao nosso desejo pela vida. O desejo pela vida cria um medo pelo oposto: o medo da morte. Não conhecemos a vida, mas a desejamos. Então surge o medo de que a vida seja destruída.
Vemos a morte acontecendo... alguém morre. Você já reparou no fato de que é sempre outra pessoa que morre, nunca você? É sempre outra pessoa. Você vê a morte do lado de fora; nunca a vê do lado de dentro. Você vê alguém morrendo, mas não sabe o que está acontecendo no fundo do seu ser. Sabe apenas o que está acontecendo na periferia. A periferia está morta; não está mais viva, a pessoa não pode mais respirar. Mas o que aconteceu no âmago da pessoa, no próprio ser, no centro? Você não sabe.
Ninguém testemunhou a morte. E isso não é possível, pois há apenas um modo de testemunhá-la: você precisa se mover até o íntimo de seu ser, e aí testemunhá-la. Mas aí a morte nunca acontece. É por isso que um Buda, um Krishna, riem da morte.
Krishna diz a Arjuna no Gitã: “Não receie. Não pense que alguém morrerá.” Ninguém morre; você não pode matar ninguém. É impossível. Neste mundo, nada pode ser destruído, nem mesmo um microorganismo pode ser destruído. A destruição não é possível. Só a mudança é possível.
A vida continua a se mover. Uma onda morre (parece morrer) e então uma outra se levanta. Só as formas desaparecem e novas formas aparecem, mas nada morre e nada nasce.
Se nada morre, então nada nasce, pois a morte só é possível se algo nasce. Nascimento e morte são duas ilusões. Você existiu antes do seu nascimento - de outro modo o nascimento não teria sido possível - e você existirá após a sua morte - caso contrário, não lhe seria possível estar aqui e agora. Mas o desejo de se apegar à vida cria o medo da morte.
Se você parar de desejar a vida, o medo da morte desaparecerá imediatamente. E quando o medo da morte desaparece, você pode saber o que é a vida. Uma mente trêmula, com medo e angústia, não pode saber. O saber requer uma consciência calma e destemida.
O desejo pela vida significa medo da morte. O sutra diz: Destrua o desejo pela vida, para que o medo da morte desapareça. E quando não houver morte, nem nenhum apego à vida, você saberá o que é a vida, pois ela está acontecendo a você. Você é a vida! A vida não é algo extrínseco; é algo intrínseco. Já está acontecendo. Você está respirando nela. Você é exatamente como um peixe no oceano da vida, mas não está consciente disso porque sua atenção está obcecada pelo futuro. Desejo significa obsessão pelo futuro. Não-desejo significa viver aqui e agora.
Osho -
A nova alquimia
Quando os conceitos forem derrubados
domingo, 13 de maio de 2012
Entregue-se ao que é - I Sutra - Destrua totalmente a ambição
Três sutras básicos para a transformação da vida, que, de certa forma, são supremos. O primeiro: Seja não-ambicioso.
Destrua totalmente a ambição.
A menos que a ambição seja destruída, você permanecerá na miséria. A ambição é a fonte de todas as misérias. O que é ambição? “A” quer ser “B”, o pobre quer ser rico, o feio quer ser lindo. Todo mundo ambiciona ser algo mais, algo diferente daquilo que é. Ninguém está contente consigo mesmo. Isso é ambição.
Você nunca está contente com aquilo que você é, seja o que for. Isso é ambição. Então você permanecerá irremediavelmente miserável, porque você não pode ser outra coisa. Você só pode ser você mesmo; nada mais é possível. Tudo o mais é fútil, prejudicial, perigoso. Você pode desperdiçar sua vida inteira, toda a sua existência.
Aquilo que você é, seja o que for, é você. Aceite-o; não deseje ser diferente. A não-ambição significa isso. A ausência de ambição é fundamental a toda transformação espiritual, pois quando você se aceita, muitas coisas começam a acontecer. Mas a primeira coisa... se você se aceitar totalmente, a primeira coisa que lhe acontecerá será uma vida não-tensa. Não haverá tensão. Você não deseja ser algo mais; não há nenhum lugar para ir. Então você pode estar aqui e agora. Não há comparação. Você próprio é único. Não pensa mais em termos de outros.
Então não há mais futuro. A ambição precisa de futuro, precisa de espaço para crescer. Ela não pode crescer aqui e agora; não há espaço. Este momento é tão pequeno, tão atômico. A ambição precisa do futuro; quanto maior a ambição, maior o futuro de que se necessita.
Se sua ambição for tão grande a ponto de não poder ser satisfeita nesta vida, então você criará uma vida após a morte. Criará o céu, criará moksha, criará a idéia de renascimento. Não quero dizer que o renascimento não exista. Estou dizendo que você acredita no renascimento, não porque ele exista, mas devido a suas ambições serem tão grandes que não podem ser satisfeitas numa única vida. Sua crença no renascimento, na reencarnação, não deriva de que isso seja um fato. Deriva de sua ambição e desejo. A reencarnação pode ser um fato, mas, para você, não passa de uma ficção. Para você é apenas uma questão de futuro, de mais espaço para se mover.
Lembre-se: você não pode ser ambicioso no momento presente. É impossível. Não há espaço. O momento presente é tão atômico, tão pequeno, que você não pode se mover nele. Você pode estar nele, mas não pode desejar. Ele é suficientemente amplo para o ser, mas não o é para o desejo. Para desejar, você precisa do futuro, do tempo. Na verdade, o tempo existe por causa do desejo. Para estas árvores, não há tempo. Para estes pássaros que cantam, não há tempo. Para as estrelas, para o Sol e para a Terra, não há tempo. O tempo existe por causa do desejo humano. Se a humanidade não estivesse na Terra, não haveria tempo; não haveria passado nem futuro.
Seu desejo cria o futuro. Sua memória cria o passado. Ambos são partes de sua mente. Não deseje, e o futuro desaparecerá. E quando não há futuro, como você pode ficar tenso? Como? Não há possibilidade de se ficar tenso se não há futuro. E se não há passado – se você sabe que o passado é apenas a memória, a poeira acumulada durante o caminho – como pode haver qualquer ansiedade? Com o passado vem a ansiedade. Com o futuro – planos, imaginações, projeções – surge a tensão. Quando o passado desaparece e o futuro não está aberto, você está aqui, agora. Nenhuma ansiedade, nenhuma tensão, nenhuma angústia.
A não-ambição significa aceitar-se tal como você é. Mas isso não quer dizer que não haja possibilidade de crescimento. Ao contrário. Quando você se aceita tal como é, a transformação se inicia. Você começa a crescer, mas em outra dimensão. Então a dimensão não está no futuro, mas no eterno.
Conheça bem essa distinção. Você pode se mover de dois modos. Se você se move no futuro, está se movendo na mente; num mundo de ficção, de sonho. Se você não se move no futuro, então uma dimensão diferente se abre para você a partir desse exato momento. Você está se movendo no eterno. O eterno oculta-se no momento. Se você puder estar aqui, agora mesmo, no momento, você penetrou no eterno. Se continua pensando no futuro e no passado, está vivendo no temporal. O temporal é o mundo, o eterno é o nirvana.
Conta-se que Buda repetia frequentemente que, se você puder permanecer no agora, não há necessidade de qualquer técnica de meditação. Isso é suficiente. Não é necessário mais nada. Mas como você poderá permanecer no agora se for ambicioso?
A mente ambiciosa não pode estar no agora. Pode estar em qualquer outra parte, mas não pode estar no agora. A mente ambiciosa sempre se move para longe do presente. Ela pensa no que está por vir; pensa no amanhã. Pensa numa vida após a morte; não se interessa pela vida que está aqui. Interessa-se por algo que poderia ser. Não se interessa pelo que é; está sempre interessada pelo que deveria ser, pelo que poderia ser. Esse interesse é não-religioso. Uma mente religiosa, uma consciência religiosa, interessa-se pela existência tal como ela é. O primeiro sutra é: Destrua totalmente a ambição para que você possa penetrar no eterno.
Osho -A nova alquimia
Saraha, o fundador do tantra budista
Você pode nem ter ouvido o nome de Saraha, mas ele é o fundador do Tantra e um dos maiores benfeitores da humanidade. Ele nasceu dois séculos depois de Buda. O Tantra converteu o Tibete, e Saraha é o seu fundador, assim como Bodhidharma é o fundador do Zen. Bodhidharma conquistou a China, a Coréia, o Japão... Saraha conquistou o Tibete.
Algumas coisas sobre a vida de Saraha. Ele nasceu em Vidarbha, que é parte do estado de Maharashtra, na Índia. Ele era filho de um brâmane muito instruído que estava na corte do rei. Ele tinha 4 irmãos, todos grandes eruditos. Saraha, no entanto, era o caçula e o mais inteligente deles. Saraha renunciou a tudo e se tornou um sannyasin, um buscador, discípulo de Sri Kirti.
O rei ficou chocado com isso, porque Saraha era brâmane; se ele quisesse se tornar um sannyasin, deveria se tornar um sannyasin hindu, mas em vez disso ele escolheu um mestre budista, Sri Kirti. A primeira coisa que Sri Kirti disse a Saraha foi: "Esqueça-se de tudo sobre o Veda; esqueça toda a sua aprendizagem, toda aquela tolice." Foi difícil para Saraha, mas ele abandonou toda a sua aprendizagem e se tornou novamente inculto.
Esta é uma das maiores renúncias... É fácil renunciar à riqueza, é fácil renunciar a um grande reino, mas renunciar ao conhecimento é uma das coisas mais difíceis do mundo. Em primeiro lugar, como renunciar? O conhecimento está no seu interior; você pode fugir do seu reino, pode ir para o Himalaia, pode distribuir a sua riqueza, mas como pode renunciar ao seu conhecimento? É muito doloroso voltar a ser ignorante; essa é a maior austeridade que existe, tornar-se novamente ignorante, tornar-se novamente inocente como uma criança. Mas Saraha conseguiu e ele passou a ter a fama de um grande meditador.
Saraha teve uma visão de que uma mulher do mercado seria a sua professora. Primeiro, uma mulher, e segundo, no mercado! O Tantra floresceu no mercado, no meio da vida. Ele não é uma atitude de negação, mas de completa positividade. O Tantra nunca foi machista; para entrar no Tantra você precisará da cooperação de uma mulher sábia. A mulher que Saraha encontrou fazia arcos e flechas e, portanto, era da casta mais baixa da Índia. Isto também é simbólico: o instruído precisa ir ao vital, o falso precisa ir ao real.
O terceiro ponto a ser lembrado sobre o Tantra é que ele diz: quanto mais culta e mais civilizada for uma pessoa, menor a possibilidade dessa pessoa ter uma transformação tântrica. Quanto menos civilizada, quanto mais primitiva, mas viva é a pessoa. Quanto mais você fica civilizado, mais fica falso e artificial. Ao ficar muito refinado, você perde suas raízes na terra, fica com medo do mundo confuso e começa a fazer pose como se não fosse do mundo. O Tantra diz que para encontrar a pessoa real você precisará ir às raízes. Os que ainda não são civilizados nem instruídos nem cultos são mais vivos, têm mais vitalidade. No mundo daqueles que ainda são primitivos há a possibilidade de começar a crescer; você cresceu numa direção errada; eles ainda não cresceram e podem escolher a direção certa; eles têm mais potencial, não têm nada para desfazer e podem agir diretamente.
Osho
Tantra - O encontro do céu com a terra
Você já observou como uma árvore cresce? Como ela tateia e se dirige para cima? Que método ela segue? Da semente vem o broto, e então, muito lentamente, ele começa a subir. A árvore vem da profundidade da terra e começa a subir ao céu, da raiz ao tronco, galho, folha, flor e fruto... É isso que também acontece com a sua árvore da vida. Não há diferença entre o sagrado e o profano.
A Serpente é o Salvador
O sexo é tão sagrado quanto o Samadhi, o mais baixo e o mais elevado são partes de um só continuum. O degrau mais baixo da escada é parte dela tanto quanto o degrau mais alto; eles não estão divididos em lugar nenhum. E, se você negar o mais baixo, nunca será capaz de alcançar o mais alto.
Não é para você se sentir culpado em relação ao sexo; ele é a sua vida, ele está onde você está. Como você pode evitá-lo? Se o evitar, você será falso, não autêntico, não verdadeiro; se você o evitar, se o reprimir, você não será capaz de se mover para cima, pois a energia necessária para isso estará reprimida através dele.
Assim, quando a sua sexualidade começa a se mover, esse é um bom sinal; mostra que você foi contactado, que algo se agitou em você, que algo se tornou um movimento em você, que você não é mais um reservatório estagnado, que você começou a fluir em direção ao oceano.
Certamente o oceano está distante; ele virá no final, mas, se você impedir esse pequeno reservatório enlameado de fuir, nunca alcançará o oceano.
A serpente e o salvador não são dois, mas um só. Na verdade, há uma antiga tradição que diz que, quando Deus criou Adão e Eva, e lhes disse para não irem até a Árvore do Conhecimento nem para comerem o seu fruto, depois de dizer isso Deus se transformou na serpente. Ele se enrolou em volta da árvore e seduziu Eva a comer o seu fruto. O próprio Deus tornou-se a serpente.
Os cristãos ficarão muito chocados com esta história, mas só Deus pode fazer uma coisa dessa, e ninguém mais. De onde a serpente pôde vir? E, sem a ajuda de Deus, como a serpente poderia convencer Eva? Na verdade, tudo já havia sido decidido de antemão. Deus queria que o ser humano se extraviasse, pois só se extraviando é que a pessoa amadurece; Deus queria que o ser humano pecasse, pois apenas através do pecado a pessoa pode um dia chegar à santidade. Não existe outra maneira.
É porisso que Deus disse: "Não coma o fruto desta árvore!" Esta é uma psicologia simples...Se os cristãos estivessem certos, isto significaria que Deus é um psicólogo pior que Freud. Esta é uma psicologia simples: se você proíbe alguém de fazer algo, esse algo se torna mais atraente, mais magnético. Se você diz: "Não faça isso!", pode estar certo de que isso será feito. Todos os pais sabem disso, e Deus é o pai supremo. Ele não sabia disso?
Há uma história:
Num belo entardecer de primavera, Freud foi caminhar num parque com sua esposa e sua filha. Eles não prestaram atenção à criança, e, quando o sino tocou avisando que era hora de fechar o parque e que todos deveriam sair, a esposa de Freud disse: "Mas onde está a nossa filha? Ela desapareceu!" E o parque era muito grande.
Freud perguntou: "Diga-me uma coisa: você a proibiu de ir a algum lugar?"
E ela respondeu: "Sim, eu lhe disse para não chegar perto da fonte."
E Freud disse: "Então vamos lá. Se o meu entendimento estiver certo, ela está lá na fonte." E ela estava lá!
A mulher ficou perplexa e perguntou: "Como você descobriu que ela estava aqui?"
E Freud respondeu: "Essa é uma psicologia simples, e todos os pais deveriam conhecê-la."
Não, não posso confiar na interpretação dos cristãos, porque ela faz com que Deus pareça muito tolo. Ele deve ter planejado isso, sabendo perfeitamente bem que, se Adão fosse proibido de comer a fruta, se lhe fosse dito, comandado e ordenado, se uma ordem absoluta fosse dada: "Nunca toque no fruto desta árvore!", então era absolutamente certo que ele o comeria.
Mas Adão foi o primeiro homem e ainda não estava ciente dos caminhos dos homens. Ele foi a primeira criança e deve ter sido uma criança obediente, e pessoas obedientes também existem. Então Deus deve ter esperado alguns dias, mas como Adão não foi à árvore, Deus decidiu tornar-se uma serpente e tentar através da mulher, porque, quando não se pode fazer nada com o homem, a maneira correta é ir sempre através da mulher... Ele deve ter tentado através da mulher, deve ter falado com ela, e foi bem-sucedido!
É porisso que eu digo que a serpente e o salvador são um só.
E, no Oriente, a serpente nunca esteve a serviço do demônio, mas sempre a serviço de Deus. No Oriente, esta é a simbologia: a serpente está dentro de você, enrolada no centro sexual. Ela é chamada de kundalini, a serpente enrolada. Ela está lá, adormecida, no nível mais baixo, nas raízes. A árvore da vida á a sua espinha dorsal, que sustenta a sua vida; ela é o seu tronco. Ela nutre você, sua energia corre através dela, e a serpente está deitada lá na raiz.
Quando algo o instiga, também instiga a serpente, porque essa é a sua energia, é onde a sua energia está. Assim, quando isso acontece, não se preocupe, não se sinta culpado. Nunca se sinta culpado de nada! Tudo o que acontece é bom, e o ruim não acontece e não pode acontecer, pois o mundo está repleto de divindade. Como o mau pode acontecer? O mau deve ser a nossa interpretação errada.
O sexo e a superconsciência são a mesma energia. A serpente e o salvador não são dois; há uma ligação entre o mais baixo e o mais elevado, há uma seqüência que leva de um ao outro, uma maneira de vida, uma maneira de amar, natural e inevitável como a maneira de uma árvore crescer.
Não há diferença entre o sagrado e o profano, nenhuma diferença entre o amor divino e o humano; trata-se de uma continuidade. Seu amor e o amor divino são dois extremos do mesmo fenômeno, da mesma energia. É verdade que o seu amor é confuso demais, cheio demais de outras coisas, como o ódio, a raiva, o ciúme, a possessividade, mas ainda é ouro; misturado com lama, mas ainda assim é ouro. Você precisa passar pelo fogo, e tudo o que não for ouro desaparecerá e apenas o ouro permanecerá.
Aceite a si mesmo, pois apenas através da aceitação a transformação é possível, e não de outra maneira. Se você começar a se sentir culpado, você se tornará repressivo.
Se você for aos templos tântricos de Khajuraho e konarak, na Índia, notará que nas suas paredes externas há esculturas com todos os tipos de posturas sexuais, homens e mulheres fazendo amor em muitas posturas. Todas as paredes estão repletas de sexo. Quem os visita fica chocado e começa a pensar: "Que obscenidade!" Essa pessoa quer condenar, quer baixar os olhos, quer sair correndo, mas isso não acontece por causa dos templos, e sim por causa dos nossos sacerdotes e de seus venenos dentro de você.
Quando você começa a entrar no templo, as figuras vão ficando cada vez mais esparsas e a qualidade do amor começa a mudar, o sexo vai desaparecendo e os casais nem se tocam. Entre mais ainda, e os casais desaparecem...
Na parte mais íntima do templo, que no Oriente se chama gharba, o útero, não há uma única figura. A multidão se foi, os "muitos" se foram. O templo está completamente no escuro, em silêncio, calmo e quieto. Não existe sequer a figura de um deus; ele é vazio, é um nada.
O recanto mais íntimo é nada, e a parte externa é um carnaval de sexo; o recanto mais íntimo é meditação, é samadhi, e a parte externa é sexualidade. Isso é o retrato de toda a vida do ser humano. Mas lembre-se: se você destruir as paredes externas, destruirá também o santuário interior, porque o silêncio e a escuridão mais íntimos não podem existir sem as paredes externas, o centro do ciclone não pode existir sem o ciclone, o centro não pode existir sem a circunferência. Eles estão juntos!
A maneira do Tantra não é a da sensualidade cega, e também não é apenas espiritualidade, mas é "ambas/e". O Tantra não acredita na filosofia do "esse ou aquele", mas na filosofia do "ambas/e". Ele não rejeita nada e transforma tudo.
Apenas os covardes rejeitam; e, se você rejeitar algo, você será na mesma medida mais pobre, pois algo foi deixado sem ser transformado. Uma parte de você permanecerá sem se desenvolver, permanecerá infantil, e sua maturidade nunca será total.
É por causa disso que falo de Epícuro e de Buda juntos. Epícuro é aquele que fica com a parede externa do templo tântrico; ele está certo até onde ele vai, mas não vai longe o suficiente; simplesmente dá uma volta por fora do templo e vai para casa. Ele não está ciente de que perdeu a própria essência do templo. Aquelas paredes externas são apenas paredes externas para dar sustentação ao santuário interior.
Buda representa aquele que entra no santuário interior, senta-se ali e, nesse silêncio ele permanece, mas se esquece das paredes externas. E, sem as paredes externas, não há santuário interior.
Para mim, ambos estão desequilibrados, estão pela metade; algo foi rejeitado e algo foi escolhido. Eles não tiveram a atitude da ausência de escolha. Eu digo para aceitar tudo, o exterior e o interior, o fora e o dentro, e você será a pessoa mais rica sobre a terra.
O Tantra é a maneira da inteireza, nem obsessão pelo mundo nem se retirar dele. Ele é estar no mundo de uma maneira leve, com um sorriso leve, é ter uma atitude de diversão. Ele não leva as coisas a sério e tem um coração leve e ri; ele é desavergonhadamente terreno e infinitamente do outro mundo. No Tantra, o céu e a terra se encontram; ele é o encontro de polos opostos.
As figuras nos templos tântricos são sexualmente ativas, mas não estão obcecadas pelo sexo, nem contra nem a favor. Ambos os extremos são obsessões, pois contra ou a favor simplesmente significa que as coisas não são mais naturais. Quando as coisas são naturais, você nem é a favor nem contra.
Você é contra ou a favor do sono? Se você for a favor, você torna-se artificial; se você for contra, tornou-se artificial. A pessoa não é contra nem a favor do sono; ele é simplesmente natural, assim como o sexo. E, quando o sexo é aceito naturalmente, ele começa a se elevar. Então, um dia, espontaneamente, o botão se transforma numa flor, sem que você precise fazer coisa alguma... simplesmente deixe a energia se movimentar, deixe a seiva fluir e o botão se tornará uma flor.
Os tempos tântricos da Índia representam uma das atitudes mais holísticas em relação à vida, na qual tudo é aceito, pois tudo é divino.
Para mim, o estágio final de um ser humano não é ser um santo nem ser como um Buda, mas ser como Shiva Nataraj, Shiva - O Dançarino. Buda entrou muito fundo, mas a parede exterior ficou faltando, a parede exterior é negada. Shiva contém tudo, todas as contradições, o todo da existência, sem escolher. Ele vive no âmago mais profundo do santuário e, também, dança diante das paredes externas.
A menos que o sábio possa dançar, algo está faltando. A vida é uma dança, e você precisa participar dela. E, quanto mais silencioso você fica, mais profunda é a sua participação. Nunca se retire da vida, seja verdadeiro para com ela, esteja comprometido com ela, seja sempre completamente pela vida.
Quando você alcança o âmago mais profundo do templo, isso acontece: não há mais razão para você dançar, você pode ficar ali em silêncio. Como Buda diz: "Quando você atinge a iluminação, então há dois caminhos abertos: ou você pode se tornar um arhata, que se retira para a outra margem, ou pode se tornar um bodhisattva, que permanece nesta margem." Na verdade, quando você se ilumina, não há razão para permanecer nesta margem; mas Buda diz que, por amor aos outros, você cria uma tal compaixão em si mesmo, que pode demorar-se um pouco mais e ajudar as outras pessoas.
Para o Tantra, este é o supremo: tornar-se deus e, ainda assim, ser parte deste mundo. Quando você puder voltar ao mundo com uma garrafa de vinho na mão, o supremo está alcançado.
Osho
sábado, 12 de maio de 2012
Tantra - Introdução
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Elimine os excessos
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Nada é impossível
Zoroastro, na Pérsia, sentou as bases do Deus único, fato surpreendente à época; hoje o monoteísmo é dado por sabido.
Moisés era gago e escravo, porém, mesmo assim se transformou na voz do Altíssimo e conduziu seu povo ao lugar da exaltação.
Buda era príncipe e poderia ter levado uma vida despreocupada, abdicou de tudo e descobriu os tesouros que o olho físico é incapaz de enxergar.
Jesus era um trabalhador braçal e destruiu o Império Romano com palavras e atitudes.
Maomé unificou tribos que de outra forma viveriam até hoje em guerra.
Nada é impossível ao ser humano, desde que sua alma guie os passos e suas decisões estejam em consonância com o momento histórico.
Quiroga
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Prepare-se para o Festival de Wesak
Aproxima-se a Lua Cheia mais importante do ano, o Festival de Wesak, o momento anual em que o Senhor Buda faz sua aparição no planeta Terra infundindo ânimo a nossa preguiçosa humanidade para que continuemos nossa eterna busca de luz.
Por isso, a normal tensão de toda Lua Cheia é multiplicada por fatores infinitos.
O que fazer com essa tensão? Esta não é apenas a melhor, mas talvez a única pergunta que se deve fazer a este respeito.
Como nossa humanidade está decididamente focalizada abaixo do diafragma, a tensão produzida pela elevação cósmica deste evento de impressionante magnitude é normalmente traduzida como uma busca mais frenética do que o normal por satisfação sexual.
Porém, não é a melhor forma de tratar este evento, com certeza; nada contra a sexualidade, mas cada coisa em seu devido lugar, e um lugar certo para cada coisa.
Nossa espécie humana precisa de um mundo melhor no qual desenvolver suas capacidades e não será através da sexualidade que conseguirá isso, mas elevando sua alma e mente o máximo possível para atingir intuitivamente o Plano que está em andamento e, a seguir, decidir participar ativamente desse.
Todo ano, durante o Festival de Wesak, a Lua Cheia de Maio, nosso planeta, o Sol e a Lua se alinham com certas estrelas das constelações das Plêiades e também de Canis Major, produzindo-se um fluxo de informações cósmicas que sobrelevam nossas preocupações normais.
Para apreciar esse fluxo é imprescindível purificar mente, emoção e corpo, de modo que as informações cheguem à consciência com mínima distorção.
Nesse sentido, aproveite este período para purificar o ânimo dos relacionamentos, exigindo menos, abstendo-se de fazer cobranças e definindo um espírito conciliador, pois, pessoas que se entendam melhor terão mais capacidade de canalizar a tremenda energia espiritual que é derramada no planeta e em nossa espécie durante esta Lua Cheia.
Afinal, as dimensões cósmicas não dependem de indivíduos para se manifestar, mas de grupos de humanos em sintonia.
Quiroga