domingo, 28 de abril de 2024

Big Bang Theory




A teoria do Big Bang é uma das explicações mais bem fundamentadas para a origem e evolução do universo, apoiada por uma variedade robusta de evidências observacionais e experimentais, e não é considerada meramente especulativa. Aqui estão alguns dos principais pilares que sustentam essa teoria:



Expansão do Universo: Observações feitas por Edwin Hubble na década de 1920 mostraram que as galáxias estão se afastando umas das outras, o que indica que o universo está em expansão. Isso é interpretado como uma consequência do Big Bang, que teria sido o momento em que essa expansão começou.

Radiação Cósmica de Fundo em Micro-ondas: Descoberta em 1964 por Arno Penzias e Robert Wilson, essa radiação é uma forma de energia que preenche o universo e é vista como um resíduo térmico do Big Bang. Sua existência e distribuição uniforme são consistentes com a previsão teórica de que o universo foi, em algum momento, muito mais quente e mais denso.

Abundância de Elementos Leves: A teoria do Big Bang prevê as quantidades relativas de elementos leves (hidrogênio, hélio e lítio) produzidos nos primeiros minutos do universo. As observações das abundâncias desses elementos estão em boa concordância com as previsões teóricas.

Estrutura em Grande Escala do Universo: As simulações do crescimento de estruturas no universo, como galáxias e aglomerados de galáxias, a partir das condições iniciais previstas pelo Big Bang, correspondem bem às estruturas observadas no universo atual.

Essas evidências, entre outras, fazem do Big Bang a teoria predominante sobre a origem do universo na comunidade científica. Ela não apenas explica muitos fenômenos observados mas também tem sido consistente em passar por testes e refinamentos baseados em novas observações e dados. Portanto, a teoria do Big Bang está além de uma simples especulação; ela é uma explicação cientificamente robusta e amplamente aceita para a origem e evolução do universo.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Asherah, a esposa de Javé?

 



Asherah é uma figura complexa e intrigante nas religiões antigas do Oriente Próximo. Tradicionalmente, ela é conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, associada às culturas cananeia e fenícia. Seu nome também aparece em textos ugaríticos, onde é considerada a mãe dos deuses, ou "Lady of the Sea."

Relação com Yahweh: A ideia de Asherah como esposa de Yahweh (ou YHWH), o Deus de Israel, surge de interpretações de artefatos arqueológicos e textos antigos que indicam uma conexão entre as duas divindades em certos períodos e locais na antiga Israel e Judá. Inscrições encontradas em Kuntillet Ajrud (um sítio arqueológico no Sinai) e em Khirbet el-Qom (na Judéia) datadas do século 8 a.C. mencionam Yahweh e Asherah juntos, sugerindo que Asherah era venerada como uma consorte divina de Yahweh por alguns grupos dentro da comunidade israelita. As inscrições incluem frases como "Yahweh de Samaria e sua Asherah" ou "Yahweh de Teman e sua Asherah."

Contexto bíblico e rejeição: Nos textos bíblicos, especialmente no contexto das reformas religiosas descritas nos livros dos Reis, Asherah é frequentemente associada com idolatria e heresia. Os textos bíblicos falam de "postes de Asherah," que são objetos cultuais provavelmente ligados à sua adoração. Durante as reformas de reis como Ezequias e Josias, esses postes foram sistematicamente destruídos como parte de esforços para centralizar a adoração em Yahweh e eliminar práticas politeístas.

Interpretação teológica: A associação de Asherah com Yahweh reflete uma dinâmica complexa dentro da antiga religião israelita, que incluía elementos politeístas e monoteístas. A eventual rejeição e eliminação do culto a Asherah no judaísmo oficial foram parte do movimento para enfatizar um monoteísmo estrito que caracteriza o judaísmo posterior.

Importância moderna: No estudo moderno da religião e da história antiga, Asherah serve como um exemplo de como as práticas religiosas podem evoluir e como os textos e artefatos podem revelar camadas ocultas de crença e prática dentro das culturas antigas. A discussão sobre Asherah e sua possível conexão com Yahweh também destaca o diálogo entre arqueologia e interpretação bíblica, oferecendo uma visão mais matizada da história religiosa de Israel e Judá.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Final longo do Evangelho de Marcos




O final do Evangelho de Marcos nos manuscritos Vaticanus e Sinaítico termina de forma abrupta no versículo 8 do capítulo 16. Isso significa que esses manuscritos não incluem os versículos 9 a 20 que normalmente aparecem nas Bíblias contemporâneas como o final do Evangelho de Marcos.

Os versículos 9-20 de Marcos 16, conhecidos como o "final longo" do Evangelho, contêm aparições de Jesus ressuscitado e instruções adicionais aos discípulos. No entanto, esses versículos não são encontrados nos manuscritos mais antigos e confiáveis, como o Codex Vaticanus (do século IV) e o Codex Sinaiticus (do século IV), entre outros.

A ausência desses versículos nos manuscritos mais antigos levou muitos estudiosos a questionar se eles foram originalmente escritos por Marcos ou se foram adicionados posteriormente por copistas para completar o Evangelho. Alguns acreditam que o Evangelho de Marcos pode ter terminado de forma abrupta no versículo 8, enquanto outros sugerem que o final original pode ter sido perdido ou danificado ao longo do tempo.

Em muitas Bíblias modernas, os versículos 9-20 de Marcos 16 são incluídos com uma nota de rodapé ou um parêntese para indicar que não são encontrados nos manuscritos mais antigos. Isso reflete a abordagem dos tradutores em fornecer uma tradução precisa e transparente do texto bíblico, incluindo as variações e discrepâncias encontradas nos manuscritos antigos.

A data dos manuscritos mais antigos, como o Codex Vaticanus e o Codex Sinaiticus, do século IV, indica que esses versículos de Marcos 16:9-20 não estavam presentes nos manuscritos mais antigos conhecidos até agora. No entanto, não podemos afirmar com certeza que esses versículos foram adicionados após o século IV. A ausência desses versículos nos manuscritos antigos sugere que eles não estavam presentes nas cópias mais antigas do Evangelho de Marcos que sobreviveram até nós.

Quanto à questão de como esses versículos foram adicionados posteriormente ou por que eles estão ausentes dos manuscritos mais antigos, não há um consenso definitivo entre os estudiosos. Existem várias teorias e hipóteses, incluindo a possibilidade de que eles foram adicionados por copistas posteriores para completar o Evangelho de Marcos, ou que o final original pode ter sido perdido ou danificado ao longo do tempo.

Não há registro de um concílio específico que tenha feito a inclusão desses versículos. A decisão de incluí-los ou não em traduções posteriores da Bíblia geralmente é baseada na análise crítica dos manuscritos disponíveis e na consideração das evidências textuais e históricas.

É importante notar que a questão dos versículos finais de Marcos 16 é uma área de estudo acadêmico chamada de "crítica textual", que se concentra em examinar as variações e discrepâncias nos manuscritos antigos da Bíblia e determinar o texto mais provável do original. Essa é uma área complexa e em constante desenvolvimento, onde os estudiosos continuam a pesquisar e debater sobre o assunto.

“A Bíblia não fala de Deus”



Mauro Biglino foi tradutor de hebraico antigo durante anos no Vaticano. Trabalhou para um das mais importantes editoras católicas do mundo, Edizioni San Paolo, e afirma que a biblia não fala sobre Deus, em entrevista dada ao jornal português "Observador"


Em entrevista ao jornal português, "Observador", Mauro Biglino afirma que nos escritos originais da Bíblia, não há menção a Deus. Biglino era o responsável do Vaticano pelas traduções dos escritos originais da Bíblia em hebraico.

Ele publicou “A Bíblia não é um livro sagrado” (Livros Horizonte) trinta anos depois de ter começado seu trabalho como tradutor e afirma “A Bíblia não é aquilo que habitualmente se diz. Conta uma outra história, não se ocupa de Deus”.

Nascido em Turim, Itália, aprendeu hebraico na comunidade hebraica da cidade. Foi convidado pela editora do Vaticano devido ao rigor de seus trabalhos de tradução e como ele mesmo diz “Além disso, perceberam que eu também conhecia latim e grego, línguas essenciais para entender o contexto dos textos bíblicos”.

O tradutor ainda afirma que “não há qualquer referência a Deus nos textos da Bíblia. Há, sim, a um coletivo, chamado Elohim, e a um deles em particular, chamado Yaveh“ e esclarece “as traduções foram sendo adulteradas e foram convertendo Yaveh num Deus único e todo poderoso”. Também diz “Em hebraico nem sequer há nenhuma palavra que signifique Deus”.

Mauro Biglino detalha em seu livro o percurso das traduções oficiais da Bíblia, verifica-se que foram adulteradas para “para inventar o monoteísmo”. Não à toa existem mudanças de sentido na versão do Vaticano dado o interesse em se colocar como instrumento de poder e intervir politicamente baseando-se em preceitos religiosos.

Mauro revelou traduções literais de vários textos bíblicos em seus livros que foram usados por historiadores para identificar imprecisões e argumenta que a Bíblia contém diversas imprecisões possíveis de serem demonstradas. “É por isso que os críticos discordam das minhas conclusões, mas não põem em causa o rigor das traduções”, ressalta.

“Em 2010, comecei a escrever um livro em que denunciava algumas das contradições que estava a encontrar nas minhas traduções dos textos bíblicos, e desde esse momento, a colaboração foi interrompida, acabaram o meu contrato de trabalho”, diz. Afirma compreender “perfeitamente” a decisão da editora tendo por ser “inviável” estar ao serviço da editora e obter conclusões tão distintas. No entanto, é importante manter o crivo crítico frente ao comportamento de censura presente na marginalização de um funcionário que discorda da linha adotada pela empresa.

“Não se sabe nada sobre Deus” e “como Deus me é absolutamente desconhecido, não posso acreditar nele”. Revela não ser o único a discordar das traduções oficiais da Bíblia, muito embora sejam “muitos que tenham a coragem de divulgar as suas conclusões”. E declara “Quando eu digo que a Bíblia não fala de Deus, não digo que Deus não existe, porque não o sei. Digo apenas que a Bíblia não fala de Deus”.

A exemplo de divergências vê-se “A profecia de Isaías, por exemplo, dizia que «a Virgem irá conceber e dará à luz um Filho», mas as bíblias alemãs, depois da aprovação da Conferência Episcopal, já não dizem isso. Já dizem que «a Jovem vai conceber», que é o que verdadeiramente lá está escrito”. Para ele, o seu trabalho poderá influenciar nas futuras traduções da Bíblia.

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Essa divergência se refere a uma tradução específica de uma passagem do livro de Isaías no Antigo Testamento da Bíblia. A passagem em questão é Isaías 7:14, que em muitas traduções antigas, incluindo algumas versões da Bíblia em português, é traduzida como "a virgem conceberá e dará à luz um filho".

No entanto, alguns estudiosos argumentam que a palavra hebraica original usada em Isaías 7:14, "almah", não necessariamente significa "virgem", mas pode ser traduzida mais genericamente como "jovem mulher" ou "moça". Como resultado, em algumas traduções mais recentes, essa passagem é traduzida para refletir essa interpretação mais precisa do texto hebraico.

A divergência na tradução reflete diferenças na interpretação dos textos originais e nas escolhas feitas pelos tradutores em relação ao significado das palavras e frases. Essas diferenças podem surgir de debates acadêmicos sobre questões linguísticas, históricas e teológicas. E, como mencionado na citação, o trabalho desses estudiosos pode influenciar as futuras traduções da Bíblia, à medida que novas informações e perspectivas são consideradas.