sexta-feira, 26 de abril de 2024

Asherah, a esposa de Javé?

 



Asherah é uma figura complexa e intrigante nas religiões antigas do Oriente Próximo. Tradicionalmente, ela é conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, associada às culturas cananeia e fenícia. Seu nome também aparece em textos ugaríticos, onde é considerada a mãe dos deuses, ou "Lady of the Sea."

Relação com Yahweh: A ideia de Asherah como esposa de Yahweh (ou YHWH), o Deus de Israel, surge de interpretações de artefatos arqueológicos e textos antigos que indicam uma conexão entre as duas divindades em certos períodos e locais na antiga Israel e Judá. Inscrições encontradas em Kuntillet Ajrud (um sítio arqueológico no Sinai) e em Khirbet el-Qom (na Judéia) datadas do século 8 a.C. mencionam Yahweh e Asherah juntos, sugerindo que Asherah era venerada como uma consorte divina de Yahweh por alguns grupos dentro da comunidade israelita. As inscrições incluem frases como "Yahweh de Samaria e sua Asherah" ou "Yahweh de Teman e sua Asherah."

Contexto bíblico e rejeição: Nos textos bíblicos, especialmente no contexto das reformas religiosas descritas nos livros dos Reis, Asherah é frequentemente associada com idolatria e heresia. Os textos bíblicos falam de "postes de Asherah," que são objetos cultuais provavelmente ligados à sua adoração. Durante as reformas de reis como Ezequias e Josias, esses postes foram sistematicamente destruídos como parte de esforços para centralizar a adoração em Yahweh e eliminar práticas politeístas.

Interpretação teológica: A associação de Asherah com Yahweh reflete uma dinâmica complexa dentro da antiga religião israelita, que incluía elementos politeístas e monoteístas. A eventual rejeição e eliminação do culto a Asherah no judaísmo oficial foram parte do movimento para enfatizar um monoteísmo estrito que caracteriza o judaísmo posterior.

Importância moderna: No estudo moderno da religião e da história antiga, Asherah serve como um exemplo de como as práticas religiosas podem evoluir e como os textos e artefatos podem revelar camadas ocultas de crença e prática dentro das culturas antigas. A discussão sobre Asherah e sua possível conexão com Yahweh também destaca o diálogo entre arqueologia e interpretação bíblica, oferecendo uma visão mais matizada da história religiosa de Israel e Judá.

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