quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Querer





Querer muito, querer tudo, querer demais, o excesso de quereres pode terminar em ficar querendo e nada além disso.

Deliciar-se com a visão de tudo que poderia ser, admirar-se com as belas curvas femininas ou os braços fortes e o olhar poderoso dos homens, imaginar o que você compraria se tivesse suficiente dinheiro, fantasiar com os lugares que conheceria e todas as aventuras que você empreenderia, assim como também os gastos que você faria, tudo uma delícia! Tudo sedutor!

Porém, enquanto isso, aí está você na mesma vida de sempre, e quando o olhar retorna a essa realidade sobrevém a decepção. O que você fará nessa hora? Começará a dar patadas sem eira nem beira, desprezando sua realidade? Ou dessa vez tomará uma atitude um pouco mais saudável percebendo que a fantasia acabou e que foi boa enquanto durou?

Com um pouco de sabedoria em mente a fantasia pode ser um momento de adquirir leveza, afinal, já que a mente é capaz de viajar tão longe sem sair do lugar é até propício aproveitá-la.

Porém, se na volta da fantasia você tiver se convencido de que seria melhor viver nela do que no mundo que construiu, então aí começaria uma distorção que, em nome da sabedoria, seria melhor exorcizar sumariamente.

As fantasias podem ser uma necessária válvula de escape, mas você não fixaria residência numa válvula de escape, fixaria?

Quiroga

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