quinta-feira, 25 de abril de 2013

Reflexo emocional




"É incrível como de fato, o processo espiritual é vivido nos relacionamentos amorosos. No fundo queremos nos vingar dos pais. Queremos nos vingar dos episódios de desamor que alguma vez sentimos, projetando no relacionamento toda a expectativa, todo o desejo de ser amado. O ego, responsável por manter as impressões passadas, só estabelece relacionamento para conseguir algo e quando nos apaixonamos, colocamos no outro todo este desejo de ser amado, ser valorizado e reconhecido. Contudo, identificados com as emoções e idealizações esquecemos que fatalmente seremos frustados, pois um relacionamento só é saudável quando as duas pessoas entendem este mecanismo de projeção das necessidades e com muito cuidado, vão desrevelando estes desvios mentais criados na infância e a necessidade de vingança. Como a maioria das pessoas não se conhece suficientemente para perceber esta co-dependência criada no início do relacionamento amoroso, se sente frustada com a carência não correspondida, o que resulta em raiva e conflitos de casais. Esta não correspondência dos desejos infantis projetados é muito sutil, e muitas vezes achamos que não estamos atuando este papel, embora estejamos. Quando o desejo de ser amado não é correspondido ficamos frustados pela expectativa não realizada, cultivando o orgulho, as tais facetas do “eu consideração” e “eu valorização”. Tornamo-nos distantes, cortamos o diálogo e cultivamos um falso sentimento de mais valia, o que no fundo machuca o coração. Neste momento, é fácil de perceber que queremos nos vingar do desamor sofrido. Queremos forçar o outro a nos amar. Da mesma forma, acontece para o outro lado da relação. O que foi afastado desenvolve um sentimento de rejeição e tristeza, o que pode levar ao cultivo do “eu consideração”. E esse por sua vez, pode investir em tentativas de reaproximação, não aceitando a situação, forçando igualmente o outro a lhe amar. Esse é o resumo do mecanismo de sado-masoquismo. Ora um fica por cima, ora fica por baixo. Este mesmo mecanismo também acontece no término mal resolvido de um namoro ou casamento. Ao invés de terminar com amizade e clareza, o casal se afasta, cortando o diálogo, e quando um quer resolver a situação mas outro não se dispõe, cria-se o campo fértil para florescer o orgulho e a raiva. A questão é que como não podemos forçar os nossos pais a nos amar como gostaríamos, também não podemos forçar nossos parceiros a nos amar. Nossos pais, como nossos parceiros, como nós mesmos, temos limitações de abertura de coração para doar incondicionalmente. Ainda nos identificamos como os diversos “eus”, sentimentos e emoções. As perguntas são: Como podemos forçar a alguém a nos amar, se este alguém não tem para dar? Como forçar alguém a manter seu coração aberto para perdoar e expandir sua capacidade de amar, se este alguém não tem consciência de que seu coração está fechado, bem como de sua limitação de doar? Será que a nossa necessidade de receber amor é realista? Será que outro alguém pode de fato suprir a nossa necessidade de ser amado? Se há conflitos na relação é porque há uma tentativa em mudar o outro. E neste momento, exige-se a reflexão honesta que leva ao entendimento da aceitação, do direcionamento de conectar com o amor dentro de nós, da busca por suprir a nossa carência pelo estabelecimento da plenitude e solitude que só o caminho espiritual pode trazer. A aceitação e o reconhecimento de que ninguém pode lhe amar como gostaria cria a libertação, cria o desapego e a ausência de sofrimento. Você entende a natureza limitante de cada personalidade e agradece pela oportunidade de ter reconhecido a falta de amor próprio que existe ou sempre existiu em você. Você percebe a energia deslocada e projetada no outro, que sempre pertenceu e pertence a você. Se você tem algum relacionamento brigado ou mal resolvido é porque alguém das partes ainda está atuando nos diversos “eus” do mecanismo sado-masoquista, e nestes casos você tem duas opções: (1) insiste em retroalimentar o mecanismo sado-masoquista de exercer o poder sobre outro; (2) reconhecer sua necessidade de ser amado e os “eus” envolvidos neste processo, fazendo uso da inteligência superior (buddhi) não mais jogando. Neste segundo caso, houve perdão, aceitação, aprendizado, crescimento, desapego, e o que resta é gratidão e amor que independe do estar junto."

Autor desconhecido

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