domingo, 7 de janeiro de 2024

O DMT no suco de laranja



Uma análise recente, publicada no Journal of Agricultural and Food Chemistry (Servillo et al. 2013), aponta que várias plantas cítricas, incluindo limões e laranjas, contêm N, N-dimetiltriptamina (DMT) e 5-hidroxi-N, N-dimetiltriptamina (bufotenina). De acordo com a legislação, esses dois compostos são proibidos e constam na lista de substâncias proscritas da ANVISA.

Se considerarmos as plantações de laranja do estado da Flórida (EUA), por exemplo, onde cerca de 550 mil hectares são cultivados com a fruta, as colheitas devem resultar em uma quantidade em torno de 5Kg de DMT - cerca de 150 mil doses. Considerando também que toda a massa de qualquer material que contenha estas substâncias seja equivalente à substância em si, então todos os produtores de laranjas da Flórida deveriam ser enquadrados na lei anti-drogas, por estarem produzindo uma substância controlada.

Embora os dados não tenham sido formalmente publicados, a mesma equipe de pesquisadores relata que o suco de laranjas e limões também contêm DMT, em uma concentração de aproximadamente 0,03-0,05 mg/kg (Servillo et al. 2012). Ou seja, cada laranja em sua mercearia local poderia ser classificada como um produto proibido. Cada pessoa que as comprar seria um criminoso em potencial. Toda empresa que vende a fruta ou seu suco estaria envolvida no tráfico de drogas.

Esse exemplo pode parecer um tanto exagerado, mas tem a intenção de mostrar como a política de guerra às drogas é arcaica e ignorante. Não são apenas as laranjas, a política anti-drogas está escrita de uma forma que faz com que muitos outros produtos mundanos e comuns sejam ilegais. Dependendo do local onde você mora, há uma chance razoável de que seu gramado ou qualquer planta no jardim do vizinho contenha substâncias proibidas. Na verdade, muitos materiais contêm quantidades detectáveis de substâncias regulamentadas e, assim, quase todo mundo está quebrando a lei o tempo todo.

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