sábado, 28 de outubro de 2023

Autenticidade ou interpolação ?

 


As referências a Jesus em escritos de historiadores romanos como Tácito e historiadores judeus como Flávio Josefo são frequentemente debatidas no campo da pesquisa acadêmica. A suspeita de interpolação (ou seja, adições posteriores nos textos) é um tópico de discussão.

Tácito: O historiador romano Tácito faz uma referência a Jesus Cristo em sua obra "Anais," escrita no início do segundo século. Ele menciona que Cristo foi executado sob o reinado de Tibério por Pôncio Pilatos e que o cristianismo teve origem na Judeia. As principais dúvidas sobre a autenticidade dessa referência se referem à possibilidade de que partes do texto tenham sido interpoladas ou modificadas por copistas ao longo do tempo.

Flávio Josefo: O historiador judeu Flávio Josefo faz duas referências a Jesus em suas obras, "As Antiguidades Judaicas" e "As Guerras Judaicas," escritas no final do primeiro século. Essas passagens, conhecidas como o Testemunho Flaviano, também são debatidas. Muitos estudiosos acreditam que as passagens contêm interpolações cristãs, enquanto outros argumentam que partes do texto podem ser autênticas.

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Argumentos contra a autenticidade do texto de Josefo:

Nenhum autor faz alusão ao texto antes de Eusébio de Cesareia, (século IV), quando os escritos de Josefo vieram à luz através de fontes cristãs.

Muitos historiadores modernos tem argumentado que a passagem quebra a continuidade da narrativa e que são usadas palavras incomuns nos textos de Josefo, por exemplo Emilio Bossi escreve o seguinte:
"Esta passagem, ou período, está como que a esmo, em meio de um capítulo, sem conexão alguma com quanto a precede ou se lhe segue, alinhavada, por assim dizer, na descrição de um castigo militar infligido à populaça de Jerusalém e a dos amores de uma dama romana e de um homem que obtém os seus favores, fazendo-se passar, graças aos sacerdotes de Isis, por uma personificação do Deus Anúbis. Estes dois acontecimentos estão ligados pelo mesmo historiador com um outro, porque ao relatar o segundo chama-o outro acidente deplorável, de onde se depreende que esse outro acidente só pode relacionar-se com o primeiro, isto é, com a sedição popular e a repressão que se lhe seguiu."

A passagem também foi encontrada em um manuscrito da obra anterior de Josefo: A Guerra dos Judeus, contudo, os principais acadêmicos afirmam que esse manuscrito é uma falsificação. Uma das principais razões de que esta passagem é considerada uma falsificação pelos acadêmicos consiste, além dela nunca ter sido mencionada antes de Eusébio mesmo quando a sua obra era citada por cristãos, no vocabulário usado na passagem, que não está de acordo com o vocabulário usado por Flávio Josefo no restante da sua obra. Há três expressões, sendo uma delas "autor de coisas admiráveis" que também pode ser traduzido como "fazedor de milagres", que eram usadas por Eusébio mas não por Flávio Josefo. Ou seja, o Testimonium Flavianum usa expressões que Eusébio usava mas não que Flávio Josefo usou no restante da obra, como citado por Bart Ehrman.

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Flávio Josefo, um historiador judeu do século I, SUPOSTAMENTE faz menção a Jesus em duas passagens em suas obras "Antiguidades Judaicas" e "Testemunho Flaviano" (também conhecido como "Testimonium Flavianum"). É importante notar que a autenticidade do "Testimonium Flavianum" tem sido objeto de debate entre estudiosos, pois muitos acreditam que partes do texto podem ter sido interpoladas ou alteradas por copistas posteriores para torná-lo mais favorável a Jesus e ao cristianismo. No entanto, aqui estão as duas principais passagens:

"Antiguidades Judaicas" (Livro 18, Capítulo 3, Seção 3):
A passagem mais amplamente aceita como autêntica é uma breve referência a Jesus em "Antiguidades Judaicas". Ela descreve a execução de Tiago, que é identificado como o "irmão de Jesus, aquele que era chamado de Cristo". A passagem indica que Tiago foi apedrejado até a morte, mas não faz um relato detalhado da vida de Jesus.

"Testimonium Flavianum":

O "Testimonium Flavianum" é uma passagem mais longa em "Antiguidades Judaicas" (Livro 18, Capítulo 3, Seção 3) que faz referência a Jesus. Esta passagem afirma que Jesus era "um homem sábio" e "realizou feitos surpreendentes". No entanto, a autenticidade desta passagem é controversa, e muitos estudiosos acreditam que partes dela foram interpoladas ou alteradas por mãos posteriores para fazer referência positiva a Jesus.


A aceitação ou rejeição do "Testimonium Flavianum" como autêntico varia entre estudiosos. Alguns argumentam que Flávio Josefo, sendo um historiador judeu do século I, não teria escrito palavras tão favoráveis sobre Jesus, enquanto outros acreditam que pelo menos algumas partes da passagem podem ser autênticas.


Em resumo, Flávio Josefo faz menção a Jesus em suas obras, mas a autenticidade das passagens é um tópico de debate na pesquisa histórica, e as interpretações variam.

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Se aceitarmos a tradição cristã de que Jesus morreu por volta do ano 30 ou 33 d.C., e considerarmos que Flávio Josefo começou a escrever suas "Antiguidades Judaicas" por volta do ano 93 ou 94 d.C., então ele teria escrito a obra aproximadamente 60 anos após a suposta morte de Jesus.

Josefo nasceu por volta do ano 37 ou 38 d.C., então, de acordo com essas datas, ele teria começado a escrever sua obra por volta dos 55 ou 56 anos de idade.

É muito evidente que é uma INTERPOLAÇÃO CRISTÃ. Não existe esse papo de controvérsia entre estudiosos conforme o chatgpt declara.


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Exames Grafotécnicos e de autenticidade feitos pela Universidade de Tubingen revelaram que, a citação de Josefo sobre Jesus é uma adulteração tardia. A Universidade de Tubingen, além de ser uma das mais antigas da Alemanha se destaca pela qualidade dos seus cursos e, pelo quadro de docentes e ex-alunos recebedores do Nobel em diversas áreas do conhecimento. Obviamente, a Universidade Tubingen é referência quanto aos estudos acerca dos escritos que tangem o universo cristão.


Ferdinand Christian Baur – 1792 – Professor de teologia na Universidade de Tubingen – Alemanha Iniciou a aplicação de novos métodos de investigação histórica ao estudo dos Evangelhos e revelou a completa inconsistência dos dogmas tradicionais da Igreja.


Friedrich Engels – 1820 – Escritor – Obras sobre o cristianismo primitivo. Três foram importantes. “Bruno Bauer e o Cristianismo primitivo”- 1882 – “O Livro da Revelação” – 1883 e “Para a história do Cristianismo Primitivo” – 1894. Admite que os quatro Evangelhos são arranjos ulteriores de escritos perdidos. Elimina a narração histórica, considera inadmissível os milagres e contradições. E endossa os resultados de investigações da Universidade de Tubingen

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